Pesquisa divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta que, em 2018, a cada 1 hora, cerca de 500 mulheres foram agredidas no país
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública, através de um estudo feito pelo Instituto Datafolha, apontou que 16 milhões de mulheres com idade superior aos 16 anos sofreram algum tipo de violência no Brasil nos últimos 12 meses. Entre xingamentos, ameaças e/ou agressões físicas, esse número representa 27,4% da população feminina do país. Dessas, 4,7 milhões apanharam, o que dá uma média de 536 mulheres agredidas fisicamente no intervalo de 1 hora em 2018 no Brasil. Já o número de espancamentos chegou aos 177 casos registrados. Isso significa que uma a cada quatro mulheres se tornou vítima da violência física no último ano.
A pesquisa mostrou que 76,4% das agressões foram cometidas por pessoas do ciclo de convivência da vítima. 23,8% dessas violências partiram do atual companheiro. 21,1% foram praticadas por um vizinho e 15,2% vieram do ex-companheiro. Foi divulgado também que 42% dos crimes aconteceram dentro da própria casa da vítima, enquanto 29% desses casos se passaram na rua. As mulheres também sofreram agressões na internet, pelas redes sociais (8% dos registros), no trabalho (8%) e no barzinho ou na balada (3%).
Mas o que mais assusta nesse estudo é que, infelizmente, grande parte dessas agressões ficaram no silêncio. Apenas 10,3% das mulheres prestaram queixa contra seu agressor em uma delegacia – 1 em cada 10. Já 15% delas falaram somente para a família, enquanto 8% procuraram uma delegacia comum e 5,5% chamaram a polícia. Porém, 52% dessas vítimas não fizeram absolutamente nada. Ficaram caladas por medo das agressões continuarem ou até mesmo de serem mortas.
Na opinião de Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e responsável pela pesquisa, para que essas taxas possam diminuir, é necessário que o amparo às vítimas de violência seja melhorado. Para ela, não basta somente a existência das Delegacias da Mulher, uma vez que apenas 8% das cidades brasileiras possuem esses locais especializados; é necessário mais. “A mulher que sofre agressão precisa de um assistente social. Muitas vezes, ela também vai precisar de um encaminhamento para o Sistema de Saúde. Se o caso de alguma dessas vítimas envolve guarda de filho, será necessário o apoio da Defensoria Pública. E se essa mulher estiver em uma situação de alto risco, vai precisar ser deslocada para uma Casa Abrigo a fim de ter sua vida resguardada”, salientou Samira.
O Brasil é o quinto país mais violento do planeta no que diz respeito a crimes contra a mulher. Na Justiça brasileira, tramitam mais de 900 mil processos de agressões domésticas. Dessa taxa, 23% são pedidos de medidas protetivas de urgência. Lembrando que não é só a vítima que pode fazer a denúncia. Qualquer pessoa que presenciar uma mulher sendo agredida pode denunciar no Disque 180, para a Central de Atendimento à Mulher. A ligação é gratuita e anônima, portanto, preserva a identidade da pessoa que ligar. Também é possível dirigir-se até uma Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) para prestar o Boletim de Ocorrência (B.O.) ou acionar a Lei Maria da Penha. Mas caso não haja esse departamento em sua cidade, os relatos de violência podem ser feitos em delegacias comuns ou ligando para a Polícia Militar, pelo Disque 190.
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