Tabagismo e o Câncer de Mama

Por: Dra. Paola Alexandria Magalhães / PhD em Ciências Programa Pós-graduação Enfermagem em Saúde Pública – USP

Uma questão que tem causado preocupação é o tabagismo e o câncer de mama. A partir do século XX, houve um aumento do número de mulheres que fazem o uso de tabaco, e a tendência é que este número continue a crescer. Essa tendência de crescimento do tabagismo feminino desencadeou preocupação por parte do Ministério da Saúde, já que denota um problema de saúde pública. O uso do tabaco pode desencadear diversas doenças e trazer prejuízos significativos, em especial à saúde da mulher.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 20% dos fumantes do mundo são mulheres, ou seja, cerca de 250 milhões de tabagistas. É importante ressaltar que o tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o mundo. Além disso, a OMS constatou que cerca de 4,9 milhões de óbitos anuais são causados pelo consumo de cigarros, e até 2030 o número de mortes chegará à 10 milhões de casos anuais. As principais causas de óbito na população feminina são as doenças cardiovasculares, e neoplasias malignas (como o câncer de mama, pulmão e colo de útero), e todas elas estão relacionadas ao uso de tabaco.

É importante salientar que o uso de tabaco pelas mulheres estão relacionados às condições socioeconômicas, ao estresse provocado pela dupla jornada de trabalho, à desigualdade de oportunidades de trabalho e remuneração, à violência doméstica ou à questões estéticas impostas pelos padrões de beleza exigidos atualmente na sociedade.  Assim, a mulher passa a ser mais suscetível à doenças relacionadas ao tabagismo, como o câncer de mama. 

O cigarro possui cerca de 4.700 substâncias tóxicas e pode causar cerca de 50 doenças diferentes, incluindo diversos tipos de câncer. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2018, 428 pessoas morreram a cada dia no Brasil, devido ao tabagismo. Os números inclusive expressam que, no último ano, em média 73.500 pessoas receberam o diagnóstico de câncer por causas relativas ao consumo do cigarro.

A associação do fumo ao câncer de mama ocorre porque muitas substâncias cancerígenas presentes no cigarro são absorvidas pelo organismo e possuem efeito sistêmico. Ou seja, o efeito nocivo do cigarro atinge todo o organismo.

Assim, o tabagismo é um grande fator de risco para desenvolvimento do câncer de mama em mulheres. De acordo com a revista Breast Cancer Research, mulheres que fumam apresentam risco aumentado de desenvolver câncer de mama, uma vez que o cigarro afeta as vias hormonais durante o desenvolvimento mamário. 

Estudo realizado em 2014, no Centro para Pesquisa em Câncer Fred Hutchinson em Seattle, Estados Unidos, por pesquisadores, concluiu que o cigarro pode elevar as chances de determinado tipo de câncer de mama, o tipo receptor de estrogênio, em mulheres de até 44 anos.

Segundo o estudo, pacientes que fumam mais do que um maço de cigarro por dia há pelo menos dez anos têm um risco 60% maior de desenvolver a doença em comparação com aquelas quem fumam menos ou que não são fumantes.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, “são muitos os aspectos que envolvem o uso do tabaco por mulheres que se configuram como desafios para a saúde pública, exigindo medidas diversas que passam necessariamente por uma construção social compartilhada de conhecimentos, atuação inter setorial, integrada e habilidades para o enfrentamento do problema”. Assim toda a sociedade, além de o Ministério da Saúde e os órgãos públicos devem mobilizar-se para não só a prevenção do câncer de mama, mas para desenvolver campanhas de combate ao tabagismo. 

Mulheres, temos o dever de cuidarmos de nossa saúde! O câncer de mama é o tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil. Podemos trabalhar em sua prevenção, evitando o consumo de álcool e tabaco e desenvolvendo um estilo de vida saudável.

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