Segundo estudo, uma xícara de morangos ou mirtilos por dia previne Alzheimer 

Foto: Pixabay

Dr. Christian Aguiar, especialista em medicina funcional e integrativa, explica relação da fruta com prevenção da doença 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 55 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de demência, como a doença de Alzheimer. Ainda segundo a instituição, até 2050 esse número deve atingir a marca dos 130 milhões de casos, com o aumento da expectativa de vida da população. No entanto, um novo estudo realizado pela Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, publicado neste mês de outubro na revista científicaNutrients, apresentou dados positivos que podem ajudar a frear essas estatísticas. Já havia dados sugerindo a eficácia do consumo de morangos na prevenção da doença, assim como de mirtilos, e esse novo estudo controlado, duplo cego e randomizado, traz mais confiança no papel dessas frutas na prevenção do declínio neurocognitivo e surgimento da doença de Alzheimer.  

Segundo o médico Christian Aguiar, especialista em medicina funcional e integrativa, a doença de Alzheimer hoje representa cerca de 80% dos casos de demência no mundo, e a fase dita pré-clínica da doença, quando aparecem os primeiros déficits cognitivos, surge a partir dos 40 anos. O estudo em questão, controlado, duplo cego e randomizado, é conhecido como padrão ouro dentro da medicina baseada em evidências. 

No estudo, foram analisados 34 pacientes, com idades entre 50 e 65 anos, que estavam com excesso de peso e apresentavam queixas de declínio cognitivo leve.  Os pacientes foram divididos em 2 grupos. Ao longo de um período de 12 semanas, os participantes foram orientados a ingerir diariamente com um suplemento em pó destinado a ser misturado com água durante o café da manhã. Uma metade do grupo recebeu suplementos contendo a quantidade equivalente a uma xícara de morangos inteiros (a dose padrão), enquanto a outra metade recebeu um placebo. Além disso, foi orientado a todos que evitassem o consumo de frutas vermelhas frescas ou suplementos correspondentes para evitar qualquer influência nos resultados. 

Durante a pesquisa, os participantes foram submetidos a uma série de testes destinados a avaliar suas habilidades cognitivas, incluindo a memória de longo prazo e capacidade de orientação espacial. Além disso, os pesquisadores acompanharam o estado de humor, a intensidade dos sintomas depressivos e dados metabólicos antes e depois do período de consumo do suplemento. Os resultados indicaram que os participantes que foram administrados com o suplemento de morangos apresentaram aprimoramentos na memória e uma notável diminuição nos sintomas depressivos. Segundo os pesquisadores, essa melhoria pode ser associada a uma “capacidade executiva aprimorada”, que poderia contribuir para um melhor controle emocional, habilidades de enfrentamento mais eficazes e, possivelmente, uma resolução mais efetiva de problemas. 

“Embora o Alzheimer seja mais comum em idosos, pesquisas sugerem que as mudanças cerebrais associadas à doença podem começar décadas antes do aparecimento dos sintomas. A meia-Idade (40-65 anos) é uma fase crítica para a prevenção. Estudos também apontam que fatores de risco como hipertensão, diabetes, obesidade, sedentarismo e tabagismo, se não controlados nessa fase, podem aumentar significativamente o risco de Alzheimer na terceira idade”, explica o médico pós-graduado em nutrologia. 

Tanto o morango quanto o mirtilo são ricos em antocianinas, que são flavonoides, conhecidos pela função antioxidante, anti-inflamatória e antiproliferativa. Alimentos ricos nessa substância se caracterizam pela forte coloração rosa, azul, roxa e vermelha. Além dos morangos e mirtilos, a antocianina também pode ser encontrada em abundância na uva, framboesa, açaí e ameixa. 

Ainda segundo o médico, para prevenir a doença nesta faixa etária, é fundamental “nutrir o cérebro” com substâncias que promovam neuroplasticidade, ou seja, a capacidade de formação de novos neurônios e conexões entre os mesmos. No entanto, o cuidado não deve ser apenas redobrado durante a meia idade. Uma boa cognição é essencial ao longo de toda a vida humana, principalmente na infância, primordial para o processo de aprendizado e desenvolvimento da criança e do adolescente.  

“A prevenção do Alzheimer deve começar cedo, idealmente na infância e adolescência. Isso porque é durante o início da vida que se desenvolve a massa crítica de neurônios e de conexões entre os mesmos que ajudará a postergar ou prevenir o declínio cognitivo e início da demência”, orienta o médico. Entre as prioridades que devem ser levadas em conta pelos pais, estão a prática de exercícios físicos, a restrição de telas de equipamentos eletrônicos, e principalmente a alimentação. É necessário ter controle sobre a alimentação dos filhos e também atentar-se ao consumo de açúcar e alimentos processados. 

Sobre Christian Aguiar: 

Formado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com 20 anos de experiência na área, Aguiar é titulado do Colégio Brasileiro de Diagnóstico de Imagem e pós-graduado em Nutrologia. Com foco em medicina natural, ortomolecular e suplementação, atua com modulação hormonal e medicina funcional e integrativa. Com mais de 300 alunos no seu curso Saúde Singular, voltado para suplementação avançada e fitoterápicos. 

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