Alexandre Sampaio*
Em novembro, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) soltou um balanço que dava conta de que o setor brasileiro de turismo acumula uma perda de quase R$ 230 bilhões este ano.
Desde o início da pandemia, ocasionada pela Covid-19, o trade vem alertando o governo federal acerca das dificuldades de manter o funcionamento de nossas empresas, em virtude das restrições implementadas para evitar a transmissão da infecção viral.
No início, fomos flexíveis com as medidas adotadas, mas chegamos ao limite da nossa sobrevivência. O momento, agora, é voltarmos para este debate, com a aproximação da chamada “segunda onda”.
Na última terça-feira (1º), o Governo do Distrito Federal (GDF) publicou no Diário Oficial do DF novas restrições para o funcionamento de bares, restaurantes e eventos culturais na região. Nós, que trabalhamos neste meio, sabemos de toda a preparação para que, hoje em dia, os nossos estabelecimentos possam receber o público.
Não é à toa que inúmeras reuniões, protocolos e direcionamentos foram realizados desde o mês de março. Não somos os responsáveis pela alta circulação do vírus e, sem dúvidas, é frustrante saber que o nosso segmento sempre será o primeiro a ser prejudicado quando novas restrições são discutidas.
Estamos batalhando para vencer essa crise. Contudo, precisamos de suportes reais para driblar todos os prejuízos acumulados. Já foi mais do que comprovado que o turismo brasileiro foi o segmento mais afetado desde a chegada do coronavírus em território nacional. Mesmo assim, ainda estamos aguardando um auxílio que, de fato, consiga mudar a nossa situação.
No último mês, foi registrado que os gastos do Poder Executivo com o nosso trade estão entre os menores em execução. De acordo com a Agência Câmara de Notícias, até o dia 27 de novembro, R$ 2,02 bilhões haviam sido empenhados. Entretanto, só foram efetivamente pagos cerca de R$ 1,42 bilhão. Levando em consideração todas as perdas que tivemos, o nosso pedido de socorro não deveria ser um suplício.
Não estamos nadando contra a maré. Estamos unidos para enfrentar esse inimigo invisível e os nossos estabelecimentos não podem ser considerados os vilões neste processo, já que há um esforço em conjunto para oferecer ambientes seguros para a população. Além disso, é preciso ter ciência do cenário que estamos vivendo e, a partir de então, refletir sobre o que de fato está acontecendo no nosso país.
Nas últimas semanas, o Brasil viveu intensas movimentações de campanhas eleitorais que contribuíram significativamente para o surgimento de novos casos. Nosso segmento, seguindo outra premissa, preza pela fiscalização e também pelo cuidado para evitar o aumento da taxa de contaminação.
As medidas restritivas adotadas na capital federal, sem dúvidas, irão refletir em todo o território nacional. Não carregaremos essa culpa, visto que estamos em um trabalho árduo para conter a Covid-19 sem que isso traga mais déficits para o setor. O turismo gera emprego e, sem ele, a economia brasileira tende a afundar mais ainda.
* Presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA).
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