Após mais de dois anos em discussão, o projeto para a construção de um autódromo em Deodoro foi arquivado pela Prefeitura do Rio de Janeiro. O plano era ter uma estrutura que poderia receber até mesmo etapas da Fórmula 1 e da MotoGP. Entretanto, no início de 2021, a prefeitura optou por dar outra direção para o terreno. Sem esse projeto voltado para o automobilismo, o estado pode começar a pensar no cenário do eSports na região.

A confirmação do arquivamento saiu logo no início de fevereiro, com um pedido oficial para o Instituto Estados do Ambiente (INEA) de arquivamento do processo de licenciamento ambiental. Essa etapa era fundamental para a construção do circuito, e isso significa que ele não deve mesmo sair do papel. O terreno localizado em Deodoro deve se transformar em uma unidade de conservação ambiental.

No início deste ano, o prefeito Eduardo Paes já havia confirmado que o autódromo dificilmente sairia do papel. Ele afirmou que não iria seguir com a construção, por um compromisso com os ambientalistas do Rio de Janeiro. Apesar da possibilidade de um novo local para o autódromo existir, a impressão que fica é de uma gestão que não deve dar prioridade para o automobilismo na região.

Embora seja uma notícia ruim para os fãs de Fórmula 1, essa desistência pode abrir portas para mais investimentos em outros esportes. Afinal, o estado do Rio de Janeiro sempre foi uma referência na área esportiva, e isso é algo que não deve mudar tão cedo. A ideia aqui é conseguir inovar, assim como era o projeto da promotora Rio Motorsport, porém de uma forma organizada e de acordo com todas as leis.

Esporte e tecnologia

O mundo dos esportes está se transformando em todo mundo, inclusive no Brasil. Um dos motivos é a integração com as novas tecnologias, principalmente pensando no aspecto virtual. Isso significa que, assim como acontece em outras áreas, a versão digital de algumas atividades estão se transformando em algo mais interativo e interessante. Por exemplo, durante os últimos anos, as plataformas de streamings conseguiram desafiar a indústria do cinema e criaram uma forma diferente para assistir filmes, séries e documentários. A mesma situação acontece com os cassinos online, que costumam oferecer bônus sem depósitos, jogos temáticos e partidas em tempo real para chamar atenção dos fãs de apostas. Essas plataformas fazem sucesso com os apostadores que não têm um local no Rio de Janeiro onde jogar. Essa alternativa é o que faz o mundo virtual tão interessante e popular.

Esse impacto também chegou ao no mundo dos esportes, até mesmo no próprio automobilismo. Por exemplo, a Fórmula 1 e a MotoGP possuem torneios oficiais voltados para os jogos eletrônicos das modalidades. São equipes profissionais de jogadores que disputam prêmios milionários, e que fazem um grande sucesso. No ano passado, o holandês Jarno Opmeer foi campeão da F1 eSports Series e levou um prêmio que ultrapassou o valor de R$ 1 milhão. 

O Rio de Janeiro possui um potencial nessa área, pois já recebeu alguns eventos voltados para os eSports, que é o nome dado para essas competições de jogos eletrônicos. Em 2018, na Jeunesse Arena, aconteceu o torneio Pro League Season 8 do jogo Rainbow Six. O evento foi considerado um sucesso, com o público esgotando os ingressos. Recentemente, o Rio também foi escolhido como sede de uma competição do jogo Counter-Strike: Global Offensive, um dos mais populares desse cenário.

Oportunidade para investir

Sem a construção do autódromo, a Prefeitura do Rio de Janeiro pode dar mais atenção para o eSports, principalmente se olharmos para os números. É um mercado que está em alta, e a cidade já possui alguma tradição no cenário mundial. A construção de uma arena, ou até mesmo de outras estruturas voltadas para o eSports, poderia fazer da região uma referência para receber torneios, equipes e até mesmo grandes eventos.

Com a terceira maior audiência do mundo no eSports, perdendo apenas para a China e para os Estados Unidos, o Brasil pode encontrar nos jogos eletrônicos uma nova modalidade para brilhar no cenário esportivo. Os próximos meses devem indicar os planos para a pasta dos esportes do Rio de Janeiro. Sem o autódromo em Deodoro, que sempre teve problemas para sair do papel, a cidade pode abrir as portas para se transformar em uma referência para os jogos eletrônicos, principalmente se fizer isso cedo.