Setor de serviços lidera retomada do crescimento
A retração econômica provocada pela pandemia de Covid-19 é uma realidade que já ficou no passado para alguns segmentos da economia brasileira. Segundo análise dos indicadores de atividade econômica, realizada pelo Instituto de Pesquisas Aplicadas (IPEA), e divulgada no último dia 27 de agosto, o PIB em 2021 deve crescer 4,8%.
Essa retomada econômica é liderada pelo segmento de serviços, que nas últimas 13 avaliações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) teve 12 altas. Segundo o estudo do IPEA, o aumento registrado pelos indicadores de mobilidade urbana nos últimos meses tem contribuído para a recuperação do setor de serviços.
Na construção civil o cenário também é positivo. Juntamente com o setor agropecuário, a construção tem sido a grande responsável pelo aumento observado na demanda por máquinas e equipamentos. O aumento do nível de confiança dos empresários também tem refletido um aquecimento nas atividades do setor bem como da demanda, mesmo em áreas mais específicas do segmento. Um dos exemplos é na área de healthcare, setor que mesmo antes da pandemia já movimentava mais de R$ 117 bilhões ao ano no Brasil.
Os Medical Centers, uma das tendências para os próximos anos, estão entre os focos dos empreendimentos na área. São espaços que reúnem diversos serviços de saúde em um mesmo empreendimento e usam, a seu favor, recursos de bioengenharia nos projetos arquitetônico e construções.
Somente a BIOENG Projetos, empresa com sede em Curitiba (PR) e com mais de 25 anos de atuação no desenvolvimento de projetos na área da saúde em todo o Brasil, projetou a construção de 12 novos Medical Centers nos últimos dois anos, em estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, além de estudos para o desenvolvimento de novos empreendimentos no Centro Oeste e Nordeste. No total são mais de 200 mil metros quadrados de área construída e aproximadamente R$ 2,5 bilhões em investimentos.
De acordo com o engenheiro civil, PhD em Healthcare Management, Norton Mello, CEO da BIOENG Projetos, até alguns anos as construções de saúde no Brasil não tinham conexão com o segmento imobiliário. Os imóveis eram empreendimentos comerciais, sem as especificidades necessárias que as atividades de saúde exigem, sejam pelas normas técnicas ou pelas características próprias do serviço, nicho que a BIOENG acabou entrando e se tornando referência. “No início, desenvolvíamos projetos arquitetônicos de alta complexidade para hospitais e clínicas, melhorando a performance desses estabelecimentos. Projetar, segundo conceitos de bioengenharia, estava naturalmente sendo desenvolvido e nem nos dávamos conta disso”, recorda o especialista, salientando que existem inúmeras diretrizes construtivas que precisam ser observadas antes de se iniciar qualquer projeto.
CENÁRIO E TENDÊNCIA
Com a pandemia, uma simples ida ao hospital pode ser um desafio para inúmeras pessoas. O CEO da BIOENG acredita que a tendência de desospitalização de procedimentos médicos, somada à pandemia de Covid-19, fez com que se acelerassem os desenvolvimentos de Medical Centers. Isso porque essas construções são uma alternativa com menor custo operacional e que oferecem uma dinâmica mais eficiente, devido ao alto grau de resolução de problemas de saúde e conveniências, tanto para os profissionais como para os pacientes, que conseguem resolver diversas questões em um mesmo lugar.
Outro fator de grande influência, segundo Mello, é o envelhecimento da população. De acordo com o especialista, os próximos movimentos no mercado imobiliário deverão receber maior impulso através dos Senior Livings – os residenciais projetados para a longevidade.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) preveem que, até 2030, o número de pessoas acima de 60 anos na América Latina terá um aumento de 71%.
Além disso, o número de filhos para cada idoso caiu de 3,8 para 1,7 entre 2000 e 2015. Isso faz com que seja necessário criar soluções habitacionais mais inteligentes, seguras e tecnológicas que permitam oferecer a longevidade mais independente e ativa por mais tempo.
Esses fatores têm pressionado uma mudança na forma de se pensar as construções na área da saúde. “Com a bioengenharia é possível estabelecer uma conexão multissensorial entre os ambientes e as emoções das pessoas, além de estimular habilidades físicas, cognitivas e sociais, tornando a experiência aos pacientes e profissionais muito mais alegradora e segura”, comenta.
PROJETOS
Em Curitiba, o EcoMedical Center é um dos mais completos ecossistemas de saúde e bem-estar do Brasil e que leva a assinatura da BIOENG. Mello explica que os conceitos que foram inseridos no projeto foram pensados na experiência do paciente e no inter-relacionamento entre os profissionais. O EcoMedical Center está previsto para entrar em operação em Março/2022.
Para isso o empreendimento foi projetado para que qualquer atividade de saúde pudesse se instalar sem restrições, desde um centro de diagnósticos a um centro cirúrgico. “Entre os inúmeros os desafios desse projeto estavam a altura dos pavimentos, largura de corredores, instalações de climatização, instalações hidrossanitárias, abrigo de resíduos de saúde. Todos eles foram resolvidos através da bioengenharia”, esclarece.
Com um design arrojado e biofílico, o EcoMedical Center possui cerca de 20 mil metros quadrados de área construída e engloba atividades de mall, offices, consultórios, clínicas, diagnóstico por imagem, centro cirúrgico, e conveniências como lojas, restaurante, cafeteria, banco, coworking, entre outras. “A ideia era criar uma permeabilidade da natureza com os ambientes internos, não apenas com a iluminação e ventilação natural em abundância, mas também com o visual de jardins suspensos”, explica o bioengenheiro.
Norton Ricardo Ramos de Mello
Norton Ricardo Ramos de Mello é graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com mestrado em Engenharia Biomédica pela Universidade Tecnológica Federal Do Paraná (UTFPR), PhD. Healthcare Management – Senior Living, pela Florida Christian University, Orlando, FL – USA. É CEO da Bioeng Projetos e já desenvolveu mais de 1,5 milhão de m² em projetos na área de saúde e bem-estar. É professor de cursos de pós-graduação no Brasil, professor convidado no curso de Mestrado em Healthcare Services FCU, Orlando, FL, USA.
Mello é também autor de seis livros sobre Planejamento e Projetos de Edificações de Saúde, entre eles o Senior Living, lançado no primeiro semestre de 2020. Membro da Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica, da Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar e da International Federation of Hospital Engineering.
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