Pacientes têm alta em data de luta pelos direitos das pessoas com sofrimento mental, em SG

No Dia Nacional da Luta Antimanicomial, celebrado nesta segunda-feira (18), três pacientes receberam alta hospitalar, após um longo período de internação na Clínica Nossa Senhora das Vitórias, no Zé Garoto, São Gonçalo. Desde janeiro de 2020, a unidade já contabiliza 18 altas.

Os pacientes, duas mulheres de 43 e 58 anos e um homem de 45, estavam internados há seis, doze e oito anos, respectivamente. Com origem no município de Maricá, eles retornam à cidade para morar em residência terapêutica, já que perderam o vínculo familiar após anos de internação em hospitais psiquiátricos.

A mudança no modelo assistencial aos pacientes com sofrimento mental é uma forma de humanizar o tratamento e realizar a inclusão social e tem proporcionado aos pacientes psiquiátricos uma rotina da qual muitos foram privados durante décadas.

“Precisamos rever os conceitos na luta antimanicomial na rede de atenção de saúde psicossocial. Pessoas que sofrem de transtornos mentais não representam ameaça ou risco ao círculo social. O objetivo das residências terapêuticas é reconstruir a identidade social desses pacientes. O trabalho de ressocialização se perpassa pela relação de cuidado do cuidador e da relação com a comunidade, onde cada um tenha sua individualidade escolhendo sua própria alimentação, corte de cabelo, escolha suas roupas”, explica o coordenador da equipe técnica da intervenção, Luiz Carlos Felício.

A Luta Antimanicomial é ligada historicamente às estratégias de cuidado de pessoas que possuem distúrbios mentais e, por muitos anos, tiveram poucas possibilidades de tratamento. Com a finalidade de inserir pacientes psiquiátricos no ambiente familiar, o município realiza o processo de reinserção social durante o processo de desinstitucionalização.  

“Desinstitucionalização pode parecer uma palavra difícil, mas, pensar seu significado e importância facilitam a compreensão de que tratamentos que garantam autonomia e cidadania a todos os sujeitos são possíveis. Temos que trabalhar com uma reeducação no modo de entender esses transtornos para serem tratados não como estigma, mas, sim, como um modo diferente de ver e estar no mundo”, explica a coordenadora municipal de Saúde Mental, Aparecida Lobosco.

Luta Antimanicomial

O Movimento da Luta Antimanicomial é um processo organizado de transformação dos serviços psiquiátricos, derivado de uma série de eventos políticos globais, baseado no discurso do médico italiano Franco Basaglia. No Brasil, iniciou-se no final da década de 70 e é caracterizado pela defesa dos direitos das pessoas com sofrimento mental, tendo o direito fundamental à liberdade, o direito a viver em sociedade, além do direto a receber cuidado e tratamento sem que para isto tenham que abrir mão de seu lugar de cidadãos.

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