O que há por trás das sanções às Commodities brasileiras sugeridas pelo Presidente Francês no Twitter

Por Fernanda Buharb – Desenvolvedora de Negócios Brazil Asset Brokers

O presidente da França, Emmanuel Macron, continua sua campanha de aplicar sanções aos produtos agrícolas brasileiros usando como sempre argumentos fictícios. O mais preocupante, é que neste caso, a mentira repetida muitas vezes começa a soar como verdade. O que começou com uma crítica a produção de soja em áreas desmatadas no Brasil poderá agora se estender a outros produtos. E o argumento é o de sempre “comprar do Brasil é endossar o desmatamento”, o que sabemos que não é uma verdade.

Mas, porém, para os leigos nestes assuntos o que inclui muito ativista de internet no Brasil e no Exterior, esta argumentação falsa baseada em interesses políticos e econômicos pode afetar o agro brasileiro e o Brasil precisa ter uma estratégia clara e bem definida de como mais uma vez não perder mercado, o que há anos atrás vimos acontecer com uma empresa brasileira que claramente no seu momento de expansão no mercado externo foi boicotada ou impedida de ampliar os seus negócios no mercado externo.

Atualmente, a região do cerrado brasileiro produz 50% dos grãos brasileiros. O Brasil é o maior exportador mundial de café, açúcar, suco de laranja, etanol, carne bovina, frango e soja à custa de avanços tecnológicos e sistema de plantio, fazendo que a agricultura e o meio ambiente progressem juntos e não como argumentos vazios e sem respaldo verídicos que insistem em afirmar que “à custa de desmatamento”.

Afirmar que as super safras brasileiras é fruto de plantio em áreas desmatadas chega ser criminoso. Assim como sensibilizar o mundo para justificar sanções comerciais, ecoando que o consumo de produtos agrícolas brasileiros endossa o desmatamento, baseando -se em informações inverídicas para que se possa assim obter vantagens políticas e comerciais é injusto não somente para a economia brasileira como também para a sócio economia mundial.

Embora saibamos que as informações sejam infundadas, é algo que o governo brasileiro precisa se preocupar, pois tal informações inverídicas vem ganhando força no mercado externo. Precisamos nos consolidar não pelo grito ou imposição. Precisamos de fatos estabelecermos parcerias sólidas, estabelecendo saudáveis relações políticas e comerciais. Contra argumentar com o que de fato temos, com o  que de fato conquistamos, com a diplomacia de um país que é baseado em políticas agrícolas e ambientais reais e sólidas, pois de fato o Brasil hoje é pioneiro em políticas econômicas ambientais e tecnológicas, o que garante uma produção sustentável.

O Brasil hoje produz 350 produtos para 180 países e não por fruto de desmatamento, e sim por ter se transformado em um grande parceiro do meio ambiente, tendo o maior rebanho comercial de bovinos do mundo, com mais de 200 milhões animais. É um grande produtor de suínos, aves, ovos e leite, daí podemos entender o desconforto de muitos competidores externos. O que mais me preocupa é ter a dúvida se estamos de fato realmente preparados para este momento que o governo brasileiro já deveria saber que iria enfrentar, o momento das sanções a qual querem aplicar ao agro brasileiro por motivos que vão além do desmatamento na Amazônia. Qual é a resposta que o Brasil dará? O Brasil dará esta resposta? 

Sabemos que o Brasil é o maior exportador de soja do mundo, sabemos também que o Brasil é líder ou está na vice-liderança de muitos outros produtos ligados a cadeia do agronegócio. Contudo, esquecem-se que o principal competidor do Brasil é o próprio Brasil quando o assunto é agro, e que por esta razão em alguns produtos o Brasil não aparece em posição de liderança quando o assunto é exportação. Para ficar mais claro, o mercado interno brasileiro consume a maior parte do que é produzido dentro do Brasil.

Na quarta-feira passada, o Ministério da Agricultura divulgou uma nota negando que a soja brasileira seja cultivada em terras desmatadas e alegando que a produção local é sustentável em resposta ao um Twitter de Macron, onde ele dizia que “continuar dependendo da soja brasileira é endossar o desmatamento na Amazônia”. “Somos coerentes com as nossas ambições ecológicas, estamos lutando para produzir soja na Europa!” e continuou “quando importamos a soja produzida a um ritmo rápido a partir da floresta destruída no Brasil, nós não somos coerentes com as ambições ecológicas europeias”.

Não adianta somente dizermos que a declaração do presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a soja brasileira mostra completo desconhecimento sobre o processo de cultivo do produto importado pelos franceses, o problema é o caos que isto gera no setor, o problema é a instabilidade econômica e os preços das commodities que despencam no mercado externo, o problema é que o Brasil tem vivenciado constantemente como o caso da Amazonia que uma mentira repetida muitas vezes vira-se uma ‘verdade’ . O intuito é especular e colocar os preços do produtos brasileiros  abaixo do mercado, pois já sabem que as indústrias não irão atingir a meta global proposta de sustentabilidade  para 2050. Fazendo com que os compradores se reergam e os produtores brasileiros vendam a qualquer preço. Jogando todo um trabalho e avanço que o Brasil conquistou no vento.

De quatro produtos do agronegócio em circulação no planeta, um é brasileiro. 250 milhões de toneladas de grãos que o Brasil produz hoje é fruto de investimento em ciência refletido em avanços tecnológicos conquistados e competência do agricultor brasileiro e não de desmatamento. Atualmente 12 milhões de agricultores brasileiros trabalham com agricultura familiar. A agricultura familiar no Brasil é responsável por 1/3 do PIB agropecuário.

No cenário florestal, para quem conhece as políticas de incentivos ao agro e ambientais no Brasil sabe exatamente por que o Brasil ocupa posição de liderança no agro a nível mundial, tendo a ciência que sabe que o Ministério da Agricultura criou e implementou novas políticas públicas e ambientais com o intuito de promover parceria com empresários do agronegócio, o que refletidamente justifica a sua expansão no mercado externo.

A metade do Brasil hoje é área verde, ou seja, 512 Milhões de hectares de florestas naturais; 9.8 milhões de hectares de florestais de florestas plantadas, concluindo, avanços que permitem uma fixação biológica de nitrogênio na soja, ou seja, economia de 22 bilhões de Reais por ano sem poluir o meio ambiente.

Com o objetivo de produzir um alimento cada vez mais saudável de forma sustentável e indo de encontro com às exigências internacionais, o Brasil destaca-se através do sistema de Manejo Integrado de Pragas a qual o que reduz a aplicação de milhares de litros de pesticidas todo o ano, o que endossa uma produção sustentável, segura, de qualidade e que agride cada vez menos o meio ambiente.

Outro ponto que vale a pena citar é o Sistema Integração-Pecuária-Lavoura-Floresta, onde são produzidos na mesma área grãos, carne, leite e madeira, resultando em mais sustentabilidade, mais produção e menos emissão de CO2.

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