Psiquiatra e diretora da SIG Residência Terapêutica, Dra. Flavia Schueler fala sobre o transtorno, que afeta mais de 18 milhões de pessoas somente no Brasil
Você já passou por situações angustiantes, em que o corpo começa a ficar inquieto, o coração bate mais rápido e surge o famoso “aperto no peito”? Sintomas como esses são comuns durante uma crise de ansiedade, que é uma resposta corporal a cenários desconfortáveis.
Crises ansiosas, embora comuns, podem ser difíceis de identificar devido às suas manifestações físicas, entre elas as citadas anteriormente. “Muitas vezes o paciente ou seus familiares próximos não percebem logo de cara que se trata de uma crise de ansiedade, principalmente quem nunca passou pelo problema anteriormente”, comenta a dra. Flavia Schueler, médica psiquiatra e diretora da SIG Residência Terapêutica, “Por isso, a avaliação de um profissional é indispensável para o diagnóstico correto e indicação de tratamento de acordo”, explica a médica psiquiatra.
De acordo com dados recentes da OMS (Organização Mundial de Saúde), a ansiedade afeta cerca de 18,6 milhões de pessoas no Brasil, número que vem crescendo desde que a pandemia da COVID-19 se instalou no Brasil e no mundo. “ Os sintomas de uma crise de ansiedade mudam de pessoa para pessoa, assim como sua duração. Mas existem sintomas alguns mais frequentes, como desconforto no peito, coração acelerado, falta de ar, tremores, sudorese, tensão muscular, tontura e enjoo”, alerta a especialista.
Ainda segundo a psiquiatra, na maioria dos casos o “pico da crise” pode ter a duração de até 40 minutos com sintomas mais intensos: “Porém, o desconforto da ansiedade pode permanecer dias, até que o paciente seja medicado corretamente”, completa.
Gatilhos para transtornos de ansiedade
A Dra. Flavia explica ainda que o “contexto ansioso” é amplo, e que, por isso, há múltiplas ocorrências consequentes ao quadro. Um exemplo disso é o transtorno de pânico, que é caracterizado por um ataque intenso agudo de ansiedade acompanhado por sentimentos de desgraça iminente.
“Suas crises, também chamadas de ataque de pânico, são espontâneas e podem ter correlação com excitação, esforço físico ou trauma emocional. Elas têm a duração de no máximo 10 minutos, com sintomas crescentes de medo extremo e sensação de morte, associados aos sintomas físicos de taquicardia, palpitações, sudorese e dispneia”, resume a especialista.
Mas afinal, o que leva as pessoas a alcançarem uma crise de ansiedade? De acordo com a médica, o motivo é variável: “As crises ansiosas podem ser desencadeadas por estresse intenso, dor crônica, privação de sono, situações de abusos emocionais e físicos, além de excesso de trabalho, como na síndrome de Burnout”, exemplifica a Dra. Flavia.
Ademais, a psiquiatra acrescenta que as crises de ansiedade podem vir a ser “portas” para maiores dificuldades psicológicas. Por isso, o cuidado diante da situação é essencial. “Os transtornos de ansiedade antecedem a depressão maior em 65% dos casos. Outras comorbidades estão envolvidas em pacientes com transtorno de ansiedade, como: abuso de álcool e substâncias, agorafobia e muito mais”, diz a médica psiquiatra.
A Dra. Flavia listou dicas para amenizar o sofrimento decorrente da crise:
Não tente se diagnosticar pelo “Dr. Google”
A médica comenta sobre a problemática de pesquisar sintomas na internet com a finalidade de obter um “diagnóstico” – o que é extremamente comum, porém perigoso. Segundo a especialista, atitudes como essas transformam em sugestões tudo o que há disponível online, fato que pode causar ainda mais ansiedade sobre o indivíduo.
“Sempre pedimos que, se o paciente desejar procurar alguma informação na internet, busque a fonte do que está lendo, e valorize as informações que são divulgadas em artigos científicos”. Além disso, a psiquiatra completa que, para uma identificação da condição de fato pertinente, é necessária a análise de um profissional qualificado.
Apoie-se em pensamentos positivos
Durante a crise, é interessante praticar técnicas de reforço positivo como: “isso é somente uma crise, não estou infartando, basta respirar fundo, logo irá passar”. Segundo a médica, pensamentos positivos em momentos estressantes são difíceis, mas não são impossíveis. “É preciso trabalhá-los para colocá-los em prática. Se houver alguma medicação de suporte, é importante que o indivíduo em crise utilize-se dela naquele momento”, completa a psiquiatra.
A prevenção é fundamental
Sobre as atividades que auxiliam na prevenção de uma crise ansiosa, segundo a médica, está a mudança de estilo de vida com o viés mais saudável, com a inserção de exercícios físicos, boa alimentação e um bom padrão de sono. “Além disso, a diminuição da ingestão de álcool, cafeína e outros estimulantes também traz benefícios para aqueles que lutam contra essa situação”, comenta.
Ademais, a terapia também é essencial. “Além de tratar sintomas de estresse que deflagram a crise de ansiedade, também tem papel crucial na psicoeducação, já que ensina o paciente a reconhecer gatilhos de crise e a como se comportar diante da circunstância”, finaliza a Dra. Flavia.
Sobre a Sig
Fundada em 2011, no Rio de Janeiro, a Sig Residência Terapêutica, surgiu com o propósito de trazer um novo olhar em transtornos de saúde mental, com um tratamento humanizado, inclusivo e visando a ressocialização do paciente. Conta com 3 unidades, sendo duas na cidade do Rio de Janeiro e uma em São Paulo. Atualmente é gerida pelos sócios Dr. Ariel Lipman, Dra. Flavia Schueler, Dra. Anna Simões, Elmar Martins e Roberto Szterenzejer.
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