As pessoas que estão abrigadas nos centros de acolhimento da Prefeitura e nos hotéis para a população em situação de rua têm mais uma opção de cultura e lazer: o Projeto Cine Acolhimento, onde são exibidos filmes e realizados debates com os pedagogos e assistentes sociais. A iniciativa é da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH).
A secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, Flávia Mariano, explica que o projeto leva cultura e lazer para os usuários, especialmente neste momento de isolamento social.
“Sabemos que, diante da complexidade do mundo em que vivemos, sobretudo das condicionantes sociais de um sistema político-econômico, as grandes desigualdades relacionam-se diretamente com a indústria cultural que é restrita, excluindo as camadas mais vulneráveis da população a possibilidade do acesso”, lembra a secretária. “No entanto, os cineclubes são espaços democráticos, educativos, políticos, sem fins lucrativos que contribuem na formação de público, porque não só estimulam as pessoas a assistirem como também promovem rodas de discussões”.
Ela destaca que promover a prática do cineclubismo nas Unidades de Acolhimento de Niterói reforça as normativas previstas pela Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (Resolução CNAS N.° 109/2009 e N.º13/2014) e, no momento atual de pandemia, é uma forma de que sejam desenvolvidas atividades que contribuam para a qualidade de vida e manejo do estresse e do ócio com atividades criativas, lúdicas, culturais e relaxantes.
“A primeira sessão do Cine Acolhimento exibiu o filme ‘Que horas ela volta?’, com a atriz Regina Casé, que traz uma crítica social que instiga a pessoa a reavaliar a sociedade na qual está inserida e serviu como base para debate após a sessão”, explica Flávia.
A escolha dos filmes que serão exibidos pode ser feita pelos próprios participantes ou a partir de uma curadoria, porém a seleção costuma ser de acordo com uma temática específica. As sessões acontecerão quinzenalmente, às sextas-feiras, até dezembro, no melhor horário de cada instituição.
“De acordo com sua temática, a mediadora levará algumas informações e perguntas geradoras para direcionar o diálogo. O audiovisual, na atualidade, é uma das principais formas pela qual buscamos nos informar, entreter, aprender e nos divertir. A imagem com som em movimento são poderosos instrumentos de veiculação de informações, valores, padrões, modos de ser, pensar e agir, a partir delas construímos muito de nossos repertórios e referenciais culturais. Queremos possibilitar com essa experiência uma ferramenta de educação, estimulando o desenvolvimento do pensamento crítico”, revela Flávia.
Segundo Flávia Mariano, o filme escolhido dessa semana é o Contador de Histórias que conta como um ex-acolhido da antiga Fundação do Bem-Estar do Menor (Febem) e considerado irrecuperável de suas ações, é adotado, se muda para a França, termina seus estudos e retorna como educador às instituições para falar sobre sua história e transformar a vida de outras crianças também consideradas irrecuperáveis como ele, adotando-as e mudando seus destinos.
Acolhimento – A Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos de Niterói atualmente dispõe de 170 vagas em centros de acolhimento para homens, mulheres, crianças e adolescentes e mais 150 vagas nos hotéis arrendados para população em situação de rua. A Prefeitura ampliou em mais 100% as vagas de acolhimento para população em situação de rua. Só no mês de junho, as equipes do serviço especializado de acolhimento fizeram 232 atendimentos nas ruas de Niterói.
A Secretaria atua nas ruas com abordagem social especializada. O serviço é realizado por equipe qualificada composta por assistentes sociais, psicólogos e educadores sociais de forma continuada e programada com a finalidade de assegurar o trabalho social de abordagem e busca ativa no território para prover a garantia de direitos para população em situação de rua.
A abordagem social é um importante canal de identificação de demandas e, a partir deste trabalho, promove o acesso à rede de serviços socioassistenciais e das demais políticas públicas na perspectiva da garantia de direitos. O processo de trabalho é planejado a partir da aproximação, da escuta qualificada e da construção de vínculo de confiança com a população em situação de rua com objetivo de atender, acompanhar e mediar acesso à rede de proteção social.
O serviço de abordagem social especializada é responsável por encaminhamentos à rede de acolhimento institucional do município, encaminhamentos referentes à saúde, documentação, fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e demais ações que objetivam uma mudança gradual na vida da população atendida, com vistas a saída gradativa das ruas. Sendo realizado de forma consensual, observando as legislações vigentes.
Assistência – A Prefeitura de Niterói implantou diversos programas para garantir uma renda básica para a população em situação de vulnerabilidade social passar de forma mais tranquila pela crise provocada pela pandemia de Covid-19. Dentre os programas estão o Renda Básica Temporária que destina, mensalmente, até dezembro, R$ 500 para famílias inscritas no cadastro único e famílias com crianças matriculadas nas escolas da rede municipal de Educação. A população em situação de rua que atenda os critérios também pode ser contemplada pela Renda Básica Temporária.
Neste mês de julho, a Prefeitura também entregou mais oito mil cestas básicas como forma de contribuir para garantia do acesso a segurança alimentar para população que neste momento atravessa contingenciamentos e encontra-se em extrema vulnerabilidade social. O benefício será entregue por mais dois meses, podendo ser prorrogado caso a condição de calamidade pública em razão da pandemia permaneça.
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