Internet e redes sociais se tornaram grandes aliadas para aproximar pessoas e criar novas formas de estar junto, confraternizar, fazer atividades com companhia e até namorar
Cultivar relacionamentos é uma necessidade primordial do ser humano. Esta é uma das principais características que nos diferencia dos outros animais: a capacidade de desenvolver a sociabilidade e viver em grupo, compartilhando ideias com semelhantes que possuam diferentes visões de mundo. “Trata-se de uma habilidade que nos enriquece e proporciona bem-estar físico e psíquico”, afirma Dra. Livia Salomé,médica especialista em Medicina do Estilo de Vida pela Universidade de Harvard e vice-presidente da Regional Minas Gerais do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida.
Apesar de sabermos da importância da sociabilidade para a saúde mental dos seres humanos, desde o ano passado a necessidade do isolamento social obrigou milhares de pessoas a ficarem em casa. Isso potencializou as dificuldades do convívio entre aqueles que residem debaixo do mesmo teto e complicou o contato com familiares e amigos que moram em outros locais. “O excesso e a falta prejudicaram significativamente as relações. As pessoas ainda buscam uma forma de se adaptar e conviver melhor com esta nova realidade”, diz a médica.
Segundo ela, este é o momento de usar a criatividade e encontrar meios para exercer a sociabilidade. “A internet e as redes sociais se tornaram grandes aliadas para aproximar pessoas e criar novas formas de estar junto, confraternizar, fazer atividades com companhia e até namorar. O mais importante é que se encontre meios para não alimentar a solidão”. Ela lembra que hoje em dia existem aplicativos interessantes, que permitem assistir filmes juntos, jogar o tradicional Uno ou simplesmente conversar. “São novas formas de praticar relacionamentos que devem se consolidar nos próximos anos, já que a transformação digital está ocorrendo em todos os setores da sociedade”, opina Dra. Livia.
Por outro lado, ela também comenta sobre as relações desgastadas por causa do convívio intenso forçado pelo confinamento. “Embora os conflitos tenham aumentado em um primeiro momento, pesquisas indicam que pais e filhos passaram a ficar mais próximos e a se conhecer melhor, o que é muito positivo para as famílias”, analisa a especialista. Um estudo realizado pela Universidade de Harvard mostrou que 68% dos pais se aproximaram mais de sua prole durante a pandemia, passando a se inteirar mais de seus interesses e aflições. Outro levantamento realizado pelo governo britânico apontou que seis de cada dez adultos reconhecem que melhoraram os cuidados com os pequenos durante o isolamento.
“É preciso aproveitar a oportunidade para estar mais em família e enxergar que é preciso aprender a exercitar o respeito, a tolerância e a empatia para uma convivência mais harmoniosa. Além disso, as crianças precisam muito dos pais presentes e a pandemia mostrou que é possível equilibrar vida familiar e trabalho, tudo em um mesmo local”, avalia.
A médica lembra que, por mais complexa que possa ser, exercer a sociabilidade em tempos de pandemia é viável. “Porém, requer adaptação, paciência, flexibilidade e também abertura para as novas tecnologias, que estão aí para nos ajudar. Mas, quando a pandemia estiver mais controlada, é essencial manter as conexões pessoalmente também. Só o digital não é saudável e nem vai substituir o abraço, o carinho, o olho no olho. Nosso cérebro precisa desses estímulos afetivos, caso contrário, teremos uma geração que não vai conhecer algumas emoções”, completa Lívia.
Graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem especialização em Clínica Médica e certificação em Medicina do Estilo de Vida pelo American College of Lifestyle Medicine.
Atualmente, é vice-presidente da Regional Minas Gerais do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida (CBMEV).
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