Por: Dra. Paola Alexandria Magalhães / PhD em Ciências Programa Pós-graduação Enfermagem em Saúde Pública – USP e Liga de Oncologia – Unifipa
Estamos chegando ao final de março, mês dedicado às mulheres, e faz-se importante trazer aqui sobre a campanha de prevenção contra o câncer de colo de útero que vem sendo trabalhada durante este mês. No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa é de 16.590 mil novos casos de câncer uterino para cada ano do triênio 2020/2022, e 6.596 mortes (2010 –Altas de Mortalidade por Câncer – SIM).
“Excetuando-se o câncer de pele não melanoma, é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal), e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil” (INCA, 2021). Uma das causas do câncer do colo do útero é a infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano (HPV).
Pelo menos 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos, apresentando maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras. Dentre os HPV de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero.
Vale ressaltar que os principais fatores de risco são: início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros; tabagismo (a doença está diretamente relacionada à quantidade de cigarros fumados); uso prolongado de pílulas anticoncepcionais (INCA, 2021).
A infecção genital pode provocar alterações celulares que podem evoluir para o câncer de colo de útero. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo conhecido como Papanicolau, e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica desse exame. Este exame é indicado a toda mulher com vida sexualmente ativa, principalmente na faixa etária de 25 a 59 anos. Conforme preconiza o Ministério da Saúde o exame deve ser feito anualmente e após dois exames com resultados normais dentro de 1 ano, o mesmo deverá ser repetido a cada 3 anos.
Outra maneira de evitar a infecção pelo HPV é o uso de preservativo nas relações sexuais e a vacinação que se faz disponível desde março de 2014 na faixa etária de 09 a 13 anos para meninas, e em 2018 passou a ser ofertada também para meninos de 11 a 14 anos. Outros grupos etários podem dispor das vacinas em serviços privados, se indicado por seus médicos. De acordo com o registro na Anvisa, a vacina quadrivalente é aprovada para mulheres entre 9 a 45 anos e homens entre 9 e 26 anos, e a vacina bivalente para mulheres entre 10 e 25 anos. No momento, as clínicas não estão autorizadas a aplicar as vacinas em faixas etárias diferentes às estabelecidas pela Anvisa. Ambas as vacinas possuem maior indicação para meninas e meninos que ainda não iniciaram a vida sexual, uma vez que apresentam maior eficácia na proteção de indivíduos não expostos aos tipos virais presentes nas vacinas.
O câncer do colo do útero por ser uma doença de desenvolvimento lento, no início ela não apresenta sintomas ou sinais, mas conforme ela vai se agravando pode apresentar sangramento vaginal, dor em baixo ventre, e queixas urinárias ou intestinais. Por isso, é importante enfatizar sobre o exame preventivo de Papanicolau como principal estratégia para detectar lesões precursoras e fazer o diagnóstico precoce da doença.
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