Lotes de remédios para controle da pressão arterial são recolhidos pela Anvisa por suspeita de câncer

Foto: Divulgação

Agência alerta para a quantidade de substâncias nocivas presentes nos medicamentos e jamais fazer uso sem orientação médica

Foram recolhidos mais de 200 lotes de medicamentos responsáveis pelo controle da pressão arterial através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após a identificação de substâncias perigosas que podem causar algum tipo de câncer.

Dois medicamentos foram retirados das prateleiras das farmácias pelo país. Trata-se do Losartana, conhecido por ser o segundo medicamento mais vendido no Brasil e o Valsartana.

Além de sair das prateleiras, a Anvisa suspendeu a importação, distribuição e comercialização de outros remédios da mesma classe pertencentes ao controle da pressão, ou seja, todos aqueles terminados em “sartana”, que são os que foram encontrados com indícios ou evidências de potencial cancerígeno.

Com o cuidado para não assustar muitos brasileiros hipertensos, a agência alertou que a quantidade de substâncias encontrada nos medicamentos á ínfima é que não é necessário fazer mudanças nos tratamentos sem a consulta prévia de um médico ou farmacêutico.

De acordo com o gerente-geral de inspeção e fiscalização sanitária, Ronaldo Gomes, “se o hipertenso parar de usar os medicamentos, ele pode ter conseqüências muito sérias à saúde ainda no mesmo dia”, alerta Gomes para o perigo da troca ou da ausência de uso do remédio por conta própria.

Dados da Agência de Medicamentos Europeia (EMA, em inglês), mostram que, se um paciente tomar uma dose máxima do remédio afetado durante o prazo de 05 anos, a exposição pode gerar um novo caso a cada 06 mil pacientes. Já no Brasil, a ocorrência normal de câncer é de 01 a cada 333 brasileiros, um total de 600 mil diagnósticos da doença por ano.

Para a ANVISA, mesmo que os valores das substâncias sejam mínimos, “nenhum medicamento deve estar contaminados com impurezas”, uma vez que o paciente não se encontra na condição de recusar o uso dos remédios. Desta forma, a agência vem tomando providências desde julho do ano passado, através de uma série de ações que visam o recolhimento dos medicamentos e a suspensão da importação, distribuição, comercialização e uso dos insumos farmacêutico ativos.

Com o intuito de melhor supervisionar as empresas responsáveis pela produção desses remédios, a agência criou um programa de fiscalização específico, onde inspecionou todas as 29 empresas, com o total de 109 produtos. Deste total, 21 remédios foram interditados por suspeitas ou confirmação de contaminação.

Uma das empresas fiscalizadas foi a principal fornecedora de Losartana para o projeto Farmácia Popular, que foi interditada por suspeita de presença, mas já voltou a fabricar o remédio após realizar modificações no procedimento de fabricação.

Em menos de 30 dias, a empresa conseguiu desenvolver uma metodologia analítica eficaz para analisar os medicamentos. A Anvisa fez o teste, e as amostras indicaram que os níveis estavam abaixo do aceitável.

Mais do que diminuir ou até mesmo cessar o problema atual, a agência também está trabalhando em uma resolução para vetar que novos casos continuem acontecendo. No texto, a instituição estabelece limites claros e objetivos referentes à quantidade de nitrosamina permitida em medicamentos, além de obrigar as indústrias farmacêuticas a fazerem controle da quantidade da substância e estabeleceu um prazo de dois anos para que as empresas farmacêuticas acabem por completo com as impurezas.

As principais recomendações da ANVISA aos pacientes são:

– Continuar tomando seu medicamento, a menos que tenha sido aconselhado a parar pelo seu médico;

– Nem todos os medicamentos contêm impurezas;

– E se o medicamento que você toma foi suspenso ou recolhido, procure seu médico ou farmacêutico.

A agência também alerta que existem outras opções no mercado que podem ser prescritas e adquiridas. Somente troque de medicamento quando já tiver o novo em mãos, pois a interrupção abrupta do tratamento da pressão alta pode produzir prejuízos instantâneos, inclusive há risco de morte por derrame, ataques cardíacos e insuficiência renal.

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