De frente para o mar, o estabelecimento mergulhou em crise com incessantes problemas na Avenida Niemeyer

Depois de quase 50 anos de funcionamento, o famoso Motel Vip’s, localizado na Avenida Niemeyer, Zona Oeste do Rio de Janeiro, realizou, no último domingo (23), as suas últimas atividades. As portas foram fechadas nesta segunda-feira (24). O local começou a ter problemas em 2014, por causa das obstruções na via para a construção da ciclovia Tim Maia. O que já não estava bom, ficou ainda pior este ano, com as diversas interdições na Avenida Niemeyer ocasionadas pelas chuvas, o que fez o motel ter uma queda de 60% no faturamento. Cerca de 60 empregados foram demitidos.

Anna Thereza Barros, proprietária do Vip’s, informa que nunca foi notificada pela prefeitura sobre o fechamentos da via, e que, por isso, se sente desrespeitada.

Mas a gota d’água para Anna Tereza tomar a decisão derradeira foi o episódio da última sexta-feira, 21 de junho. “Recebi uma ligação de um cliente dizendo que foi barrado por um guarda municipal, onde tem a barreira do Vidigal. Ele falou que estava impedido o acesso ao Vip´s, e apontou o risco de acesso por carros. Mais uma vez, eu não sabia de nada. Fui para a barreira e, quando cheguei lá, liguei pra prefeitura, sendo que o que me causou mais estranheza é que as pessoas não sabiam (dessa proibição), e os policiais da UPP também não sabiam”, relatou.

A proprietária do motel ainda acrescenta que, mesmo que a via seja reaberta, o estabelecimento seria prejudicado em dias de temporal, já que nesses casos, a via também costuma ser interditada.

Ela lamentou ter que demitir os funcionários. “Meu avô (o empresário Ignácio Loyola) que construiu aquilo tudo há 40 anos. Sou da terceira geração que cuida do motel. E temos 60 funcionários, ou seja, 60 famílias que dependem de mim. “Infelizmente no domingo, foi o nosso último dia de atividades”, contou ela, que conversou com os empregados ontem, terça-feira (25).

Antônio Cerqueira, representante da Associação Brasileira de Motéis no Rio e sócio do Shalimar, que fica na Avenida Niemeyer, avalia que, desde 2014, o comércio localizado na via vem sofrendo. Segundo ele, essas medidas tomadas pela prefeitura sem pensar em ações alternativas junto com os empresários da região agravou a crise dos motéis. 

Cerqueira não pensa em fechar o Shalimar, mas conta que se viu obrigado a reduzir os preços dos quartos. “Já estávamos mantendo os valores de dois anos atrás. E no início de 2019 chegamos a reduzir os preços”. 

Segundo a prefeitura, a mesma explica que cumpre decisão da justiça. O Vip’s tinha 43 quartos, sendo 20 suítes com piscina. Uma delas, a Paraíso, de dois andares, tinha duas camas, sauna e churrasqueira, por um valor de R$ 2.127 para 12 horas.

Confira a nota da Prefeitura na íntegra:

“A interdição da Avenida Niemeyer foi determinada pela 3ª Vara de Fazenda Pública, no processo n° 0124330-03.2019.8.19.0001. O dever da Prefeitura, era cumprir essa determinação, o que foi feito. De acordo com a decisão judicial, o trânsito está interditado nos dois sentidos para circulação de veículos motorizados e não motorizados, preservados os acessos a moradores e pessoas por eles autorizadas.

A Guarda Municipal mantém seis agentes diariamente nos acessos à Avenida Niemeyer. Há bloqueios sinalizados com cones nos seguintes pontos:

Esquina das avenidas Delfim Moreira e Visconde de Albuquerque, no Leblon; Avenida Niemeyer, no acesso ao Morro do Vidigal e Avenida Niemeyer, na altura da Avenida Prefeito Mendes de Moraes, em São Conrado. 

Em cumprimento à ordem judicial, os agentes fazem o bloqueio e controlam o acesso de veículos. A Prefeitura recorreu à Justiça para manter a via aberta, mas não foi atendida”.