Série de encontros destacou as complexas ameaças que as grandes cidades enfrentam devido à intensificação de eventos climáticos extremos
O Governo do Estado do Rio de Janeiro reservou a tarde desta sexta-feira (15/11) para discutir questões relacionadas à resiliência urbana e aos impactos das mudanças climáticas nas áreas urbanas. A série de encontros no espaço Conexão 2030 destacou as complexas ameaças que as grandes cidades enfrentam devido à intensificação de eventos climáticos extremos, como chuvas torrenciais e inundações.
– A gente passou por uma grande tragédia, investiu, planejou, executou obras importantíssimas, algumas aguardadas há décadas. Fizemos o trabalho de prevenção e de educação para a resiliência. Temos ainda um grande caminho, mas já avançamos muito e estamos cada dia mais preparados para enfrentar esses eventos extremos – explicou o governador Cláudio Castro.
O destaque do dia foi o anúncio do Portal Ambiente Resiliente, da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade. A ferramenta tem como principal objetivo promover o aumento da resiliência dos municípios do Estado do Rio de Janeiro diante dos desafios climáticos. Para que as metas sejam alcançadas, o estado irá fomentar as articulações com as cidades, para que de forma personalizada, o órgão ambiental possa estruturar políticas públicas que funcionem em cada região.
– Hoje, nós temos uma assessoria especial somente para tratar do tema de cidades resilientes. Essa é nossa prioridade, e iremos atuar de forma personalizada em cada um dos 92 municípios. Todas as nossas ações estarão nesse novo portal, de forma transparente e acessível — destacou a subsecretária de Mudanças do Clima e Conservação da Biodiversidade, Marie Ikemoto.
A predominância do cinza nas cidades foi um dos pontos preocupantes levantados pelos palestrantes. Segundo a subsecretária de Recursos Hídricos e Sustentabilidade, Ana Asti, muito além da estética, essa tendencia é prejudicial para a resiliência urbana.
– O que nós vemos com frequência é o ‘acinzentamento’ das cidades. Ou seja, esquecem da importância de áreas verdes e azuis nos projetos urbanísticos. Quando analisamos cidades assim, notamos facilmente a dificuldade da resiliência frente os impactos causados pelas chuvas e inundações – pontuou a subsecretária.
O acesso à moradia adequada em tempos de tragédias ocasionadas pelas mudanças climáticas está dentre as preocupações do Estado do Rio.
– O Programa Cidade Integrada implementa ações relativas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), nas comunidades fluminenses. Para isso, trabalhamos em diversos eixos temáticos, em conjunto com outras secretarias, em busca da melhoria habitacional – indicou a coordenadora do Programa Cidade Integrada, do Governo do Estado, Ruth Jurberg.
Investimento em simbiose industrial
Em paralelo, a estratégia que busca integrar indústrias para reaproveitamento de resíduos e recursos de forma sustentável, denominada simbiose industrial, foi tema no segundo palco do armazém. Durante o painel, foi destacado o papel do município de Santa Cruz como pioneiro nessa iniciativa. Inspirado em um projeto bem-sucedido na Dinamarca, o modelo foi adaptado para atender às necessidades locais e já conta com a criação de um grupo de trabalho (GT) para promover a valorização de materiais e reduzir impactos ambientais.
– A articulação entre as secretarias e as empresas locais é essencial para transformar Santa Cruz em um hub industrial sustentável. O que descartamos hoje pode ser insumo amanhã, com controle, desburocratização e inovação – destacou a superintendente de Resíduos Sólidos e Economia Circular, Mariana Maia, reforçando o compromisso do estado em expandir a simbiose industrial para outras regiões e ramos, como químico, siderúrgico e metalúrgico.
A implementação do sistema inclui ações de curto, médio e longo prazos, envolvendo usuários, fornecedores e beneficiários. Além de resultados ambientais, a simbiose industrial gera impactos sociais positivos, fortalecendo o desenvolvimento econômico sustentável no estado.
– Santa Cruz tem um potencial imenso que pode servir como exemplo para o Brasil — concluiu a head de Administração da Kalundborg Symbiosis, Lisbeth Randers.
Publicado 17/11/2024
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