Em 2022, o chamado cultivo protegido resultou em 10,2 mil toneladas do fruto, criando quase 1.000 empregos diretos no município
Patrimônio de Natureza Imaterial do Estado do Rio de Janeiro, a tradicional Festa do Tomate de Paty do Alferes começou nesta quarta-feira (07/06) e termina domingo (11/06). Além da famosa programação recheada de shows e eventos, a festa deste ano tem novidade na tradicional premiação: alimentos produzidos em estufas, o chamado cultivo protegido, com investimentos e parceria técnica do Governo do Estado do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento (Seappa).
São tomates, pepinos, pimentões coloridos, entre outros itens produzidos com qualidade a partir do apoio da secretaria, que disponibilizou técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Janeiro (Emater-Rio) para incrementar o plantio em estufas específicas. A técnica garante o controle sobre fatores ambientais como temperatura e umidade, além de reduzir o risco de ataques de pragas e doenças, possibilitando a otimização da produção.
– A aposta tecnológica gera vitórias econômicas e ambientais. A nossa função é ajudar os empreendedores fluminenses a prosperarem. Ao estimular novos negócios, temos o retorno de mais investimentos, isso gera novos empregos, estimula a criação de renda e um conjunto de novas oportunidades para toda a região. Estamos muito animados em seguir fazendo a diferença na vida dos pequenos e médios agricultores do Rio – afirma o governador Cláudio Castro.
Parceria gera retorno econômico e ambiental
O isolamento da estufa evita a chegada de pragas e permite a redução significativa do uso de defensivos químicos. Além disso, com esse tipo de cultivo, há uma queda no consumo da água, pois o sistema protegido precisa apenas de 2 litros de água, por planta, por dia, para oferecer um produto de qualidade superior. Para se ter uma ideia, no cultivo tradicional são gastos 8 litros.
A junção dessas condições permite que os produtores experimentem um ganho econômico, afinal passam a produzir um alimento de maior qualidade. Somente no ano passado foi computada a positiva produção de 10,2 mil toneladas, a criação de 950 empregos diretos e 458 mil m² de área total de cultivo protegido. De acordo com a Secretaria de Agricultura, a previsão de um retorno econômico para a região é de R$ 71,7 milhões por ano. Desde 2020, o Governo do Rio concedeu R$ 670 mil em créditos, a juros baixos (2% por ano), para produtores locais.
– A secretaria não mede esforços para que nossos produtores sejam atendidos. Oferecemos nossas linhas de crédito para o desenvolvimento da cadeia produtiva. Nosso intuito é que os produtores consigam alavancar sua produção e competir de igual para igual no mercado – ressalta Dr. Flávio, secretário estadual de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento.
Produção preservada
O produtor de tomates Sebastião Hudson Filho é testemunha desse processo. Pioneiro no uso de estufas em Paty do Alferes, há 15 anos ele e mais 8 profissionais trabalham com essa modalidade. Para isso, contou com o apoio do corpo técnico da Emater para implantar o sistema de produção em duas estufas. A medida deu tão certo que seus tomates ganharam notoriedade no mercado e estão sendo expostos na tradicional festa da cidade.
– Comecei produzindo tomate do tipo grape, depois migrei para o de estilo italiano. Esse trabalho de cultivo protegido tem dado mais garantia à nossa produção, estabilidade. Meus consumidores vêm buscar os alimentos diretamente aqui. Fazemos produtos de qualidade nacional, que poucos têm. Estamos expondo nosso tomate na festa, inclusive com pés de tomate para a culinária local – explica Hudson Filho.
Também presente com exposição na Festa do Tomate, Julio Cesar de Carvalho Abreu é um ex-produtor convencional. Ele conta que sua produção de pimentão colorido e pepino japonês há anos lidava com o desgaste da terra e pragas. Além disso, não conseguia obter empréstimos para inovar com as plantações, o que o levou a temer a suspensão das atividades.
Para ele, o apoio financeiro e técnico da Emater foi fundamental para a formalização de seu negócio e para que voltasse a prosperar com segurança e respeito ao meio ambiente.
– A Emater sempre foi parceira. São pessoas maravilhosas, só tenho a agradecer essa parceria que está sempre nos orientando em relação a nossa produção, em que podemos melhorar, qual a inovação de tecnologia que podemos ter, enfim, um trabalho imprescindível em nossa região. Graças a Deus conheci a iniciativa e consegui o financiamento, que ficou no entorno de R$ 90 mil reais para serem pagos em 5 anos. Foi uma porta aberta para a gente dar continuidade na nossa produção – disse Julio Cesar.
Ramificações do evento
Renato Farnezi, supervisor local da Emater em Paty do Alferes, relembra que, nos anos 70, o tomate produzido no município não era competitivo em padrão de fruto e qualidade, em comparação com outras cidades. Então, com o intuito de criar atividades de lazer para as famílias rurais, difundir novas tecnologias, estimular premiações, padronizar e levar mais qualidade a sua produção, a Emater-Rio e o Ceasa-Rio se organizaram para criar a “Semana Técnica do Tomate”, embrião do que hoje é a Festa do Tomate de Paty do Alferes.
A atuação da Emater hoje é fazer a coordenação técnica do concurso de qualidade do tomate e da exposição agrícola em parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura de Paty do Alferes.
– Para participar do concurso, os produtores se inscrevem no nosso escritório e entregam os produtos. Na festa é feito o julgamento. Cinco técnicos avaliam o tomate e outros produtos expostos, por uma série de fatores e, depois disso, os campeões são indicados e recebem premiação – esclarece Farnezi.
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