Fórum da Alerj apresenta propostas para tirar o Rio da crise

Só quero saber do que pode dar certo, não tenho tempo a perder”, os versos da música dos Titãs embalaram 112 representantes de mais de 50 diferentes entidades que se reuniram no plenário do Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa, para comemorar os 16 anos do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado. Já que a grave crise que assola o Rio de Janeiro pede urgência na busca por saídas que levem à retomada do crescimento econômico do estado, uma boa notícia é que existem diversos movimentos pensando e mobilizando a sociedade em torno de propostas concretas. E algumas dessas iniciativas foram apresentadas no encontro “Pensar e Construir o Rio – Encontro de Movimentos”, que marcou o aniversário do Fórum.

“O Estado não sairá da crise só com o regime de recuperação fiscal. Não adianta apenas reduzir despesas e imaginar que vamos aumentar as receitas sem que o Rio tenha um plano estratégico de desenvolvimento econômico e social regionalizado. Por isso esses encontros são muito importantes para que juntos, toda a área criativa, produtiva do estado tenha essa troca de sinergia e informações, com a participação da sociedade, na elaboração de políticas de desenvolvimento econômico e social”, destacou o deputado Luiz Paulo (PSDB) que presidiu o evento. “O Fórum é uma peça aglutinadora e as informações trazidas em seus debates permitem aos parlamentares desenvolver melhor o seu trabalho nas comissões e discussões no Plenário”, completou.

O setor de tecnologia e inovação apresentou duas iniciativas durante o encontro. “Temos orgulho de ser do Rio, mas trabalhar no mundo todo. No ano passado, trouxemos um evento de inteligência artificial e inclusão para a cidade, realizado no Museu do Amanhã, que reuniu 400 pessoas de 40 países. Também ajudamos o desenvolvimento da cidade por meio dos blockchains, de inteligência artificial, além de aplicativos que conectam os cidadãos como o governo e tratam sobre temas como segurança pública”, explicou o diretor executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio, Fabro Steibel. O ITS Rio tem como missão responder de maneira criativa e apropriada às oportunidades fornecidas pela tecnologia, e que seus benefícios sejam compartilhados pela sociedade, atuando nas áreas de direito e tecnologia; educação, inovação e democracia e tecnologia.

Já o Movimento Juntos pelo Rio foi criado para buscar saídas criativas para o Rio, valorizando a vocação da cidade para a inovação. Segundo sua cofundadora Natalie Witte, a iniciativa criada em 2007 reúne hoje mais de 1500 pessoas que trabalham para tornar o Rio a capital da inovação até o ano de 2020. Um dos caminhos para isso foi mapear o ecossistema de inovação e tecnologia da capital e a criação do hacking.rio, a maior maratona de programação da América Latina, que reúne profissionais e empreendedores do mundo digital para criar soluções de alto impacto para os desafios enfrentados pelo Rio de Janeiro. “Hoje, 90% de nossos clientes trabalham em áreas cinzas, em que não há legislação, como a ICO (Oferta Pública de Moedas Visuais), por exemplo. Precisamos potencializar e criar oportunidades de negócios”, explicou Natalie.

Centro de inovação

A Casa Firjan, que funciona como um centro de inovação e empreendedorismo da nova economia, além de um espaço para palestras, workshops e exposições também foi outra iniciativa apresentada. Para a gerente de ambiente e inovações, Julia Zardo, o estado precisa se preparar para as constantes transformações que o mundo atravessa, moldado por novos parâmetros de comportamentos, valores e tecnologias, como novas formas de aprender, consumir e empreender. Segundo o Fórum Econômico Mundial, 30% das profissões atuais não existiam há 10 anos e 65% das crianças que estão entrando no ensino básico hoje trabalharão em profissões que ainda não existem. Além disso, 47% das profissões atuais terão desaparecido em 25 anos. “Percebemos que as ferramentas que a Firjan dispunha não eram suficientes para essa nova economia, num mundo em constante mudanças e a Casa Firjan veio para ajudar a responder esses desafios”, explicou Julia.

A Rede de Estudos em Planejamento e Política Pública Integral Regional orientada ao Rio de Janeiro (Rede Pró-Rio) se propõe a ser um think tank de excelência para o estado reunindo a academia e grupos de trabalho em uma rede interdisciplinar. “A recente crise financeira estadual explicitou a carência de uma reflexão organizada sobre a gestão pública e a falta de uma visão estratégica integrada sobre o conjunto das políticas públicas”, afirmou o coordenador da Rede Pró-Rio Bruno Sobral.

Lançado no fim de junho, o Think Rio, laboratório de ideias da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) tem por objetivo unir os diversos integrantes da sociedade em torno de discussões com um mesmo foco: pensar a cidade do Rio de Janeiro, apontando caminhos e soluções para o seu desenvolvimento. Vinculado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela ONU, ele tem foco em educação de qualidade; indústria, inovação, infraestrutura, além de cidades e comunidades sustentáveis. Segundo Luciana Guilherme, relações externas do Think Up Rio, entre os caminhos estão a ampliação da oferta da produção acadêmica da ESPM sobre temas que devem ser tratados pelos gestores públicos visando a promoção da cidade; a conexão com organizações comprometidas com o Rio, com diversos setores da sociedade, além da geração de conhecimento e do estímulo à convergência de ideias, projetos e pesquisas que transformem a cidade e construam um futuro melhor.

Outra iniciativa apresentada foi a da Casa Fluminense, criada com o objetivo de articular esforços para promoção de igualdade, aprofundamento democrático e desenvolvimento sustentável. Lançada em fevereiro de 2013, é uma associação da sociedade civil para a elaboração de propostas de políticas públicas que visam reduzir desigualdades na região metropolitana do Rio e todas as regiões do estado e hoje preside o conselho consultivo da Câmara Metropolitana.

Desenvolvimento sustentável

“A Casa Fluminense está focada esse ano em duas questões principais entre elas está a ampliação da mobilização social com lideranças sociais. O outro processo é pensar em como organizar as informações para monitorar as políticas públicas. Estamos olhando três temas importantes. Na segurança pública o foco é como produzir uma política voltada para as especificidades da Baixada Fluminense, sobretudo que garanta o direito da população jovem, pobre e negra. O outro ponto é a licitação do bilhete único para garantir transparência na gestão das tarifas dos transportes do Rio de Janeiro e o terceiro elemento é a retomada do projeto de saneamento básico nos municípios do entorno da Baía de Guanabara. Estamos buscando ampliar a participação social em torno do tema para que essas políticas públicas possam avançar”, explicou o coordenador-executivo da Casa Fluminense, Henrique Silveira.

“Essa foi uma oportunidade de mostrar que tem muita gente disposta a arregaçar as mangas e precisamos aproveitar essas inteligências e potências para poder fazer diferente e melhor pelo Rio. Celebramos nossos 16 anos trabalhando em prol do estado e mostrando um pouco do que cada uma dessas frentes está fazendo e que existem alternativas para que o Rio retome a rota de crescimento”, explicou a secretária-geral do Fórum de Desenvolvimento do Rio, Geiza Rocha.

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