Plural, o “¡Hola Rio!” terá o grafite de Toz Viana, a 1ª bailarina do Municipal, Claudia Mota, jovens bailarinos de projeto social e grupo performático entre dezenas de outras atrações
Por 30 dias, o continente europeu vai experimentar uma mostra da riqueza cultural fluminense. O festival “¡Hola Rio!”, que começa nesta sexta-feira (8/9) e tem incentivo do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Sececrj), será uma ocupação cultural em Madri, capital da Espanha, com mais de 100 artistas fluminenses realizando apresentações de dança, teatro, música, cinema e exibições em espaços de arte e vias públicas.
O projeto investe na pluralidade criativa produzida no estado. A chamada pública foi lançada em junho, oferecendo premiação total de R$ 3.780.500. Assim, entre as 30 obras selecionadas – por meio do edital “Casa de América” (prestigiado centro de arte da Espanha e parceiro do projeto), da Sececrj – há espaço para variadas formas de expressão, como o balé clássico, grafite, artes plásticas e visuais, grupos performáticos de rua, entre outras.
A programação completa, está no site do evento: https://hola.rio.br/#programacao.
O Céu do Rio em Madrid
Trabalhando com grafite há 25 anos e com a criação de telas e objetos há 15, o artista plástico Toz Viana tem experiência e reconhecimento internacionais. Em seu atelier, na antiga fábrica da Bhering, em Santo Cristo, vem desenvolvendo experimentações que pretende trabalhar no ” “¡Hola Rio!”.
– Para o festival, minha ideia é levar um pouco das influências do grafite e também das minhas novas intervenções nos espaços públicos. Vou levar o projeto “Céus”, já que estou nessa onda dos reflexos, como se o asfalto refletisse o céu. Criei uma forma de fazer isso no espaço fechado. Confesso estar um pouco ansioso, mas acredito que vai ficar muito legal. Tô muito feliz com a oportunidade de representar o Rio de Janeiro e de poder também levar um pedacinho do céu do Rio para Madrid -, comemora Toz, que é natural de Salvador, mas mora no Rio desde os 14 anos onde aprendeu e desenvolveu sua arte.
Corpo de Baile do Theatro Municipal abre o festival
Já a primeira bailarina do Theatro Municipal, Claudia Mota, destaca a importância desse tipo de ação para a cultura do Estado e o benefício para os jovens talentos. Abrindo o festival, Claudia irá se apresentar com mais seis bailarinos do Corpo de Baile do Theatro Municipal, incluindo o seu marido, o primeiro solista do corpo do ballet, Edfranc Alves, na Casa de América.
– O mais importante disso tudo é fazer com que as pessoas de fora entendam que a gente, aqui, tem uma arte enorme. Nós somos exportadores de bailarinos! É fundamental o mundo saber que aqui existe arte e dança. E nada melhor do que essa ação levando também jovens talentos, até mesmo de projetos sociais. Fazer e viver de cultura e dança no nosso país não é fácil, mas esse incentivo nos dá esperança – destaca a bailarina.
Projeto social
Claudia se refere ao grupo de quatro bailarinas profissionais do projeto social Ballet Nildo Muniz, de Campo Grande. Um dos selecionados pelo edital, o trabalho recebeu R$ 225 mil do Governo do Estado e conta que foi o primeiro concurso que a trupe participou. Todos os vencedores da licitação receberam premiação em dinheiro, que inclui a verba para os gastos da viagem, como passagem aérea e hospedagem, além do cachê.
– Quando recebemos a notícia que havíamos sido escolhidas foi uma festa! Na verdade, não esperávamos, até mesmo porque é a nossa primeira disputa profissional. Mas demos o nosso sangue para isso. Essa será a primeira viagem internacional de todas nós. A cultura é muito importante para o nosso país e esse projeto é essencial, além de estarmos fazendo a conexão com outro continente. – comenta uma das bailarinas do grupo, Luana Aguiar. O grupo se apresenta nos dias 16 e 17 de setembro.
Performance ao ar livre debate a violência contra a mulher
Composta por cinco mulheres, a cia da atriz Allegra Ceccarelli usará a linguagem corporal para debater a agressão feminina na sociedade com a performance ao ar livre “Eu sou você”, que ganhará as vias públicas de Madri nos dias 18 e 21 de setembro, no Parque del Retiro.
– Levaremos o público a refletir sobre a violência contra a mulher, ao mesmo tempo que mostraremos a sua beleza e a esperança por dias melhores, de paz e de harmonia entre o homem e a mãe natureza, a quem pedimos desculpas no final – resume Allegra, que emprega técnicas da dança balinesa e teatro ritualístico em sua arte.
Uma das integrantes da cia é a indígena, Lucia Tucuju, de 53 anos, da etnia Galibi-Marworno (habitantes das savanas e campos alagados do Norte do Amapá):
– Moro há 24 anos no Rio, onde me tornei atriz, contadora de histórias e escritora. Levar um pouco da nossa arte do Amapá e do Rio para a Espanha é uma oportunidade rara de provar que o índio, muitas vezes visto apenas como aquele que vive no meio do mato, tem capacidade, luz própria e talento – justifica Lucia.
Samba, Bossa Nova e Funk reinterpretados na flauta e violão
O concerto de sopro e cordas do Quarteto Geral levará, ao lado da cantora Luiza Lacerda, um repertório variado com diferentes manifestações presentes no Estado, como o Batuque, Jongo, Maxixe, Choro, Samba, Bossa Nova, Pagode e Funk. O espetáculo acontecerá na Nave de Terneras, no dias 23 e 30 de setembro,
– Nosso grupo começou na faculdade, somos músicos formados no Rio de Janeiro. De alguma forma, durante esses anos, amadurecemos a nossa nossa linguagem e hoje podemos oferecer algo que tenha nossa cara. Nesse projeto vamos nos juntar com Luiza Lacerda, que ja tínhamos um trabalho anterior. O edital veio como uma forma de reviver e repaginar esse show e trazer uma ideia de repertório que sempre quisemos fazer, que é interpretar os compositores fluminenses que estão se desenvolvendo junto com a gente – explica o violinista Lucas Cuba Gralato.
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