D’Or recruta voluntários para vacina contra o Covid-19

Foto: Bing Guan

A convite da Universidade de Oxford, o Instituto D’Or e a Rede D’Or São Luiz vão comandar testes contra a Covid-19, com custo inicial de R$ 5 milhões.

O Instituto D’Or de Pesquisa (IDOR) e Ensino juntamente com a Rede D’Or São Luiz, no Rio de Janeiro, terão 1000 doses aplicadas em voluntários contra a Covid-19.

Das obrigações do Instituto quanto aos testes da vacina chamada ChAdOx 1nCoV-19, caberá a seleção, aplicação, registro e análises dos dados coletados, em estreita colaboração com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), responsável por coordenar o estudo com a vacina no Brasil. Tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro, serão mil voluntários vacinados nesta primeira fase. Em São Paulo, a Fundação Lemann financia a estrutura médica e os equipamentos da operação, enquanto que no Rio de Janeiro, o custo inicial de R$ 5 milhões será coberto pela Rede D’Or e todo o trabalho será coordenado pelo IDOR.

Nas fases seguintes, o grupo vai acompanhar outros voluntários em diferentes regiões do Brasil e disponibilizará a aplicação de mais 5 mil doses da vacina.

Segundo a presidente do IDOR, Fernanda Tovar Moll, “além da motivação científica, tem a luta, que eu acho mundial em relação a essa patologia como um todo pra trazer esperança pra população e trazer, sim, um protagonismo pro Brasil na possibilidade do enfrentamento da patologia e da questão científica e também pro oferecimento da vacina no Brasil. A gente espera que sim”, ressalta.

A Universidade de Oxford já disponibilizou a aplicação da vacina para dez mil pessoas. O Brasil é o primeiro país fora do Reino Unido a participar dos testes. Ao final, serão 50 mil voluntários que serão vacinados pelo mundo.

 Os requisitos para a participação dos testes da vacina é não ter contraído o vírus anteriormente, pessoas com comorbidades que estão mais vulneráveis as complicações da Covid-19, estar na linha de frente do combate ao vírus e ter entre 18 e 55 anos de idade. Se algum dos voluntários apresentarem ao longo dos testes o RT-PCR ou sorológico com a indicação de contato com o vírus anteriormente ou esteja infectado no momento, automaticamente a pessoa estará excluída da pesquisa. Se você se enquadra nos critérios acima e deseja participar dos testes, preencha o formulário aqui.

Os participantes selecionados serão divididos em grupos definidos por sorteio. Metade vai receber a vacina e a outra metade, um placebo. Ninguém será informado sobre qual tipo de vacina tomou. A pós este processo, os voluntários receberão acompanhamento com o objetivo de identificar se a vacina foi capaz de proteger contra o vírus ou não.

Para que os testes sejam conduzidos no Brasil, o procedimento teve que ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), junto com o apoio do Ministério da Saúde.

Adrian Hill, diretor do Jenner Institute de Oxford, que se associou à farmacêutica AstraZeneca para desenvolver a vacina, afirmou que os resultados da fase atual, envolvendo milhares de voluntários, podem não garantir que a imunização seja eficaz e pede cautela.

Ainda que os estudos avancem mundialmente, diversos especialistas acreditam que a vacina não estará disponível em 2020. Projeções otimistas estipulam um prazo de 12 a 18 meses, que já seria recorde. A vacina mais rápida já criada, a da caxumba, levou pelo menos quatro anos para ficar pronta.

“Está todo mundo muito otimista, mas estudo de vacina é algo muito complicado. A maioria deles para na fase 3, de testes clínicos, pelos problemas que aparecem. É importante discutir essa possibilidade de não ter uma vacina”, explica Álvaro Furtado Costa, médico infectologista do HC-FMUSP.

O infectologista também recomenda cautela com anúncios muito otimistas sobre vacinas. Ele acredita que não se pode desprezar, por exemplo, que uma novidade nesse campo impulsiona as ações da empresa que a anuncia.

Como líder do estudo na Escola de Medicina Tropical de Liverpool, está uma brasileira chamada Daniela Ferreira, imunologista especialista em infecções respiratórias e desenvolvimento de vacinas. Em entrevista, Daniela afirmou estar otimista em relação aos resultados e disse esperar até mais de uma vacina contra o coronavírus ainda para este ano.

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