Por: Dra. Paola Alexandria Magalhães / PhD em Ciências Programa Pós-graduação Enfermagem em Saúde Pública – USP
O Dispositivo Intrauterino (DIU) é considerado e referenciado por muitos como um método moderno por ser prático e seguro. É um método reversível de contracepção de longa duração, conhecido como LARC (long-acting reversible contraceptive). Seu uso vem sendo difundido desde a década de 60. No entanto, apenas no ano de 1969, o DIU em formato T em cobre foi desenvolvido, o que trouxe uma nova era de dispositivos intrauterinos. Inúmeros estudos e pesquisas foram realizados para que a qualidade e quantidade ideal de cobre fossem atingidas. Os dispositivos intrauterinos de cobre que persistem até hoje são aqueles que possuem 380 milímetros cúbicos de cobre (TCu 380).
Estatisticamente, o dispositivo intrauterino é o segundo método de planejamento familiar. No Brasil, o Ministério da Saúde, em março de 2017 anunciou a ampliação do acesso ao DIU de cobre, já distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com a perspectiva de atingir cerca de 10% de usuárias em idade fértil. Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, faz-se “necessário uma campanha de educação e conscientização populacional, assim como uma seleção prévia criteriosa daquelas que irão obter benefícios contraceptivos com esse método”.
O DIU com cobre, quando inserido dentro do útero, exerce ações locais que culminam por evitar a gravidez, apresentando-se como um método seguro a longo prazo. Pode ser usado em qualquer idade do período reprodutivo, sem a necessidade da intervenção diária da mulher e sem prejudicar a fertilidade futura.
De acordo com o Ministério da Saúde, ele é altamente efetivo (mais de 99%), com taxas de gravidez inferiores a 0,4 % (4 mulheres a cada 1000). Além disso, apresenta o melhor custo-benefício, ou seja, seu custo é baixo e está disponível na rede pública de saúde, é considerado um método prático (a mulher não precisa se lembrar diariamente de usá-lo), apresenta uma longa ação (de até 10 anos) e rápido retorno à fertilidade quando retirado. Além disso, não apresenta efeitos sistêmicos, ou seja sua ação é local (intrauterina).
Esse dispositivo possui um mecanismo de ação provoca mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio (parte interna do útero) à medida que os íons de cobre são liberados na cavidade uterina. Provoca então, uma ação inflamatória e citotóxica com efeito espermicida, ou seja, ocasiona a morte dos espermatozoides pelo aumento na produção de citocinas e citotóxicas. Tal ação terá efeito tanto nos espermatozoides como nos ovócitos secundários (células anteriores à formação do óvulo). Provoca também uma alteração da mucosa cervical.
Todas as mulheres podem optar por utilizá-lo. No entanto, mulheres que têm contraindicações ao estrogênio ou mulheres que amamentam acabam por optar pelo uso de DIU com cobre. Presença de infecção inflamatória pélvica aguda ou crônica, endometrite, cervicite mucopurulenta e tuberculose pélvica contraindicam a inserção do DIU com cobre.
É importante ressaltar que além do DIU com cobre há também o DIU hormonal.
O DIU hormonal foi desenvolvido a partir da década de 70 por estudiosos. Esse tipo de dispositivo intrauterino libera pequenas quantidades de hormônios (tipo de progesterona) por dia para o organismo da mulher. Além disso, a presença de tal hormônio pode causar uma atrofia da camada interna do útero (endométrio), sendo baixa a quantidade de hormônio absorvida pelo organismo. É importante ressaltar que ele também altera a mucosa cervical (o muco torna-se mais espesso), e isso diminui a motilidade do espermatozoide. Esse tipo de dispositivo pode permanecer no organismo da mulher por até 5 anos. Também pode ser usado por mulheres no período fértil, desde não haja contraindicação.
A principal diferença entre o DIU com cobre e o DIU hormonal está no efeito sobre a menstruação. O DIU de cobre pode aumentar o fluxo menstrual, observado principalmente nos três primeiros meses de uso e aumentar ou provocar o aparecimento transitório de cólicas menstruais. Já o DIU hormonal ocasionará a interrupção da menstruação (isso pode levar de até 6 meses para acontecer), mas algumas mulheres podem queixar-se de cólicas menstruais, cefaleias e mudanças de humor. Também pode haver os chamados “escapes” (sangramentos de pequena quantidade) nos primeiros meses após inserção.
É importante ressaltar que a utilização do DIU, qualquer que seja ele, não protege contra infecção por HIV (AIDS) e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Dessa forma, as mulheres devem ser orientadas e aconselhadas quanto ao uso de preservativo (masculino ou feminino).
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