Por: Dra. Paola Alexandria Magalhães / PhD em Ciências Programa Pós-graduação Enfermagem em Saúde Pública – USP
Estamos na época de festas de final de ano, época de confraternização, na qual os bons sentimentos afloram e despertam a generosidade e alegria nas pessoas. Deveria ser assim. Mas será que todos vivenciam esse momento, ainda mais em meio à pandemia?
O isolamento social tem ocasionado diversos transtornos de cunho psicológico e psiquiátrico, ou seja, tem trazido impactos na saúde mental. Ser privado do convívio social, de estar com amigos e família, muitas vezes precisar trabalhar em casa ou mesmo ter que sair para trabalhar com medo de uma provável contaminação tem gerado ansiedade, irritabilidade, estresse, medo, insônia e depressão.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a depressão atinge cerca de 300 milhões de pessoas no mundo, e tem aumentado desde o surgimento da pandemia. É uma doença crônica que se difere de uma condição de flutuações de humor e/ou respostas emocionais de curta duração de tempo, ou seja, normalmente apresenta longa duração com intensidade moderada ou grave, com manifestação de sintomas como desesperança, tristeza profunda, humor deprimido, alterações de humor, perda de interesse e prazer, e energia reduzida. Ela pode causar à pessoa afetada um grande sofrimento e disfunção no trabalho, na escola ou no meio familiar. A depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo e contribui de forma importante para o surgimento de demais doenças (como doenças cardíacas, por exemplo), além disso, a depressão é um fator de risco para o suicídio.
A Organização Pan-Americana de Saúde orienta, caso você perceba tais sintomas:
“Procure ajuda, seu profissional de saúde ou médico local são um bom lugar para começar; converse com alguém de sua confiança sobre seus sentimentos; permaneça conectado(a); mantenha contato com familiares e amigos; faça exercícios regularmente, mesmo que seja apenas uma curta caminhada; mantenha hábitos alimentares; evite ou restrinja a ingestão de álcool e abstenha-se de usar drogas ilícitas; estas podem piorar a depressão; continue fazendo coisas que você sempre gostou, mesmo quando não está com vontade. Esteja atento aos pensamentos negativos persistentes e à autocrítica e tente substituí-los por pensamentos positivos. Parabenize-se por suas conquistas”.
É importante salientar que o apoio social neste momento é de suma importância. Profissionais de saúde podem oferecer tratamentos psicológicos, como terapia cognitivo-comportamental, psicoterapia interpessoal ou medicamentos antidepressivos. Mas é importante termos em mente que o acolhimento e a escuta ativa para pessoas que apresentam tais sintomas tem se mostrado muito eficaz. Família, amigos e pessoas próximas também podem e devem ajudar.
Sim, palavras importam! Dizer que “vai passar, que é bobeira, que não precisa se preocupar com coisas que estejam afetando” e que isso “é falta de Deus”, não irão ajudar. Evitar palavras negativas ou cobranças como: “você precisa sair dessa, você é tão forte, isso não combina com você”, visto que tais frases só irão fazer a pessoa se sentir mais culpada por estar assim. Depressão é uma doença que envolve fatores fisiológicos relacionados à neurotransmissores e por isso precisa de tratamento. Nós seres humanos temos que entender que sem saúde mental não há saúde!
Acolher e ouvir o que a pessoa tem a dizer, deixa-la expor o que a incomodada, mostrar-se solicito e entender que a melhora da depressão leva tempo irá ajudá-la a superar os momentos difíceis. Palavras positivas precisam ser ditas como: “estou com você, você não está sozinho (a), estou aqui, estamos juntos nessa”, além de incentivo à exercícios físico e meditação contribuirão muito para o processo de recuperação da pessoa com depressão.
Tenhamos empatia! Vamos acolher um ao outro.
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