Crime ambiental em Mangaratiba envolve Eike Batista

Empreiteiras que negociaram com Eike Batista ameaçam quilombolas e mancham a natureza e história do Rio

Na região de Mangaratiba, localizada na Costa Verde do Rio de Janeiro, vive uma comunidade quilombola, em uma área certificada pela Fundação Palmares. A denúncia mostra que as pessoas estão vivendo em regime de escravidão. Os executores são os donos de empreiteiras que tomaram posse das terras de forma irregular e arbitrária, através da lei do medo, impondo ameaças. A população local explica que um massacre do meio ambiente e das suas tradições está acontecendo na região, prestigiada como uma das mais importantes e responsáveis para o equilíbrio do ecossistema no estado.

A área se divide com um condomínio de luxo chamado Portobello, onde o ex-governador Sergio Cabral possuía uma mansão junto com demais políticos que estão sendo investigados através da operação Lava Jato. A Ecoinvest Desenvolvimento Empresarial é a responsável pela compra das terras pertencentes à União. A mesma tratou de instalar porteiras, que vem prejudicando o ir e vir dos moradores e seus visitantes. Ex-policiais militares estão entre os contratados para serem os seguranças do local. A Polícia Civil tem em mãos um processo para investigar a relação do caso com milícias privadas.

A Ecoinvest Desenvolvimento Empresarial, situada na Avenida Rio Branco, no centro da cidade do Rio de Janeiro, tem como sócios Pedro Paulo Meyers, Klaus Helmut Schweizer e Jessica Schweizer. Neste mesmo endereço está a Consultoria de Mineração Internacional, representada pelos mesmos sócios, com mais duas pessoas: Gesine Franziska Lemke e Maria Luiza John Moller.

Há outro CNPJ em Minas Gerais com estes mesmos empreiteiros, na Minerinvest Mineração, no município de Belo Vale. Em 2011, a empresa se envolveu em uma negociação com a MMX Mineiração, do ‘Império X’, representada por Eike Batista, um dos investigados pela Lava Jato. No contrato com validade de 10 anos entre as empresas, o Superporto Sudeste, em Itaguaí, a 34 km das terras quilombolas estava na mira dos olhos dos empreiteiros. A mineradora de Eike Batista pretendia embarcar cerca de cinco milhões de toneladas de minério de ferro da Minerinvest, por ano. Nesta mesma época, a multinacional Trafigura anunciou a compra da Minerinvest, onde estão os ex-executivos investigados pela Lava Jato, envolvidos em operações ilícitas envolvendo a Petrobras. Atualmente, a multinacional está como responsável pelas atividades do Superporto.

Os quilombolas relatam a depredação da natureza local, com a extinção de rios, nascentes e a sobrevivência de espécies raras de aves, peixes e répteis. Tudo isso traz um grande risco de se perder uma parte rica da história do Rio, com culturas e tradições da comunidade, além de sítios arqueológicos nunca explorados. Uma joia rara no ‘coração’ do Rio, que caíram nas mãos sujas e ambiciosas das empreiteiras.

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