Covid-19: quando estaremos imunes?

Por: Dra. Paola Alexandria Magalhães / PhD em Ciências Programa Pós-graduação Enfermagem em Saúde Pública – USP

Em 24 de maio de 2020, a pandemia da doença de coronavírus 2019 (COVID-19), causada pela SARS-CoV-2, afetou mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo. A maioria dos pacientes com infecções por SARS-CoV-2 teve doença respiratória de leve a grave com sintomas como febre, tosse e falta de ar, que podem aparecer de 2 a 14 dias após a exposição.

A corrida contra o tempo de institutos de pesquisas afim de desvendar o misterioso vírus e sua cura estão acirradas. Inúmeros estudos estão em andamento para descobrir o tratamento eficaz e imunoterapia que combata a Covid-19.

De acordo com um artigo científico publicado em 18 de junho deste ano na revista Nature, nossa compreensão das características clínicas e respostas imunes de indivíduos, principalmente ao que se refere à indivíduos assintomáticos, com infecção por SARS-CoV-2 é limitada. Desta forma, foi desenvolvido um estudo para entender a resposta imune e a transmissibilidade de indivíduos assintomáticos infectados pela Covid-19.

Neste estudo uma minoria de indivíduos assintomáticos apresentaram linfopenia e trombocitopenia, além não ter havido alterações clínicas significativas ou nos exames de diagnóstico por imagem. Além disso, a carga viral dos indivíduos assintomáticos foi considerada alta, denotando mais uma vez que a transmissibilidade deste vírus advindo de pessoas assintomáticas é significativa.

Os pesquisadores também investigaram a resposta imune dos indivíduos. Para investigar a resposta aguda de anticorpos à infecção por SARS-CoV-2, mediram-se IgG e IgM específicas para vírus em amostras de soro de indivíduos assintomáticos e sintomáticos. O grupo de estudo teve sucesso por identificar pacientes com infecção por SARS-CoV-2 com resultados negativos de RT – PCR e sem sintomas usando um teste de anticorpos. Também foi identificado o RNA viral do SARS-CoV em diferentes amostras, incluindo esfregaços na garganta, fezes e urina, em mais de 30% dos pacientes por até 4 semanas após o início da doença.

Este estudo teve um achado importante: detectou que os níveis de IgG e anticorpos neutralizantes em uma alta proporção de indivíduos que se recuperaram da infecção por SARS-CoV-2 começam a diminuir dentro de 2 a 3 meses após a infecção, em comparação com outras infecções por coronavírus como SARS-CoV e MERS-CoV. Isto de fato é preocupante, pois denota que a pessoa contaminada permanecerá imune ao vírus por um curto período de tempo.

É importante ressaltar que para os pesquisadores, a força e a duração da imunidade após a infecção são questões-chave para a proteção do organismo e também para a tomada de decisões sobre como e quando aliviar as restrições de distanciamento físico. Além disso, estudos sorológicos longitudinais tanto com indivíduos assintomáticos quanto com sintomáticos são urgentemente necessários para determinar a duração da imunidade mediada por anticorpos e identificar a verdadeira taxa de infecção.

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