Chefe da ONU para Refugiados pede o fim imediato da guerra na Ucrânia, que já deslocou mais de 10 milhões de pessoas

Foto: Pixabay

Visitando a Ucrânia pela primeira vez desde a ofensiva militar russa, o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, apelou hoje, com firmeza, para o fim da guerra, ao mesmo tempo em que convocou a comunidade internacional para fornecer apoio aos milhões de civis atingidos pelo conflito.    

“A velocidade do deslocamento, juntamente com o enorme número de pessoas afetadas, é sem precedentes na memória recente da Europa”, disse Grandi, concluindo a visita.   

Os civis estão sofrendo e mais de 10,5 milhões de pessoas foram deslocadas, seja dentro da Ucrânia ou para o exterior, como pessoas refugiadas, representando cerca de um quarto da população. No total, estima-se que 13 milhões de pessoas necessitam urgentemente de assistência humanitária em todo o país.   

“Falei com mulheres, com crianças, que foram gravemente afetadas por esta guerra”, acrescentou ele. “Forçadas a fugir de níveis extraordinários de violência, abandonaram suas casas e muitas vezes suas famílias, o que as deixou chocadas e traumatizadas. As necessidades de proteção e humanitárias são enormes e continuam crescendo. E, embora extremamente urgente, a ajuda humanitária por si só não pode dar a eles o que realmente precisam – que é paz”.   

Após reuniões com oficiais do governo ucraniano, Grandi acrescentou: “Estou profundamente impressionado com a liderança e a resposta humanitária, em todos os níveis de governo do país, bem como com a abnegação e a resistência do povo ucraniano, que está recebendo milhões de seus compatriotas deslocados”.   

Grandi reiterou o compromisso da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) de permanecer e apoiar a população da Ucrânia, tanto nos países vizinhos como dentro do país. O ACNUR opera na Ucrânia há 28 anos e está concentrando sua resposta em proteção, abrigos de emergência, dinheiro e suporte, sob a liderança geral do governo e em coordenação com todo o sistema das Nações Unidas.   

Com autoridades locais e representantes da comunidade, Grandi visitou um centro de acolhida para pessoas deslocadas internamente, que foi estabelecido e administrado pelas autoridades com apoio do ACNUR. É um dos 70 centros que já foram avaliados e equipados, enquanto outros estão sendo identificados para reforma. O ACNUR está expandindo a capacidade e melhorando as condições de vida dos centros de acolhida para receber mais pessoas ucranianas deslocadas internamente que necessitam de abrigo.     

No centro, Grandi testemunhou pessoas se inscrevendo para assistência em dinheiro, um programa do ACNUR lançado para ajudar particularmente as pessoas deslocadas mais vulneráveis – como aquelas com deficiência e idosos – para cobrir os custos de necessidades básicas como alojamento, alimentação, roupas e itens de higiene. O programa do ACNUR, que está sendo implementado em múltiplos territórios ucranianos, tem como objetivo atingir 360.000 pessoas com US$80 milhões em apoio durante um período inicial de três meses, complementando o programa de assistência social do próprio governo.    

Mas, para responder na escala necessária, disse Grandi, os humanitários devem ser capazes de prestar assistência com segurança às pessoas ucranianas necessitadas onde quer que elas estejam.   

“Todo o sistema humanitário está fazendo o possível para alcançar as pessoas necessitadas em todo o país, mas a segurança dos trabalhadores humanitários e dos civis que recebem assistência deve ser garantida. Este é um princípio fundamental do Direito Humanitário Internacional e deve ser respeitado. As vidas dependem disso”, disse ele.  

Grandi também apelou para que a comunidade internacional forneça ainda mais recursos para a resposta humanitária. “O apoio e a solidariedade demonstrados até agora por doadores, países vizinhos e indivíduos de todo o mundo têm sido notáveis”, disse ele. “Mas as necessidades aqui na Ucrânia estão crescendo e a comunidade internacional deve continuar apoiando as pessoas ucranianas em necessidade”.   

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