Caso Marielle Franco: 11 meses sem solução

Anistia Internacional critica contradições na investigação das mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes

Os assassinatos da vereadora Marielle Franco, do PSOL-RJ, e de seu motorista Anderson Gomes completaram 11 meses ontem (14) e ainda estão sem resposta sobre os culpados. Um documento divulgado pela Anistia Internacional apresentando um levantamento sobre as investigações mostrou possíveis incoerências e contradições na resolução das duas mortes. 

Sob o título de “O labirinto do caso Marielle Franco e as perguntas que as autoridades devem responder”, a declaração pontua 20 tópicos críticos que até hoje não foram respondidos. A preocupação maior da Anistia Internacional são com negligências, possíveis interferências indevidas e o não seguimento da lei durante as investigações. “As autoridades devem responder às perguntas que agora são feitas sobre pontos críticos do caso. A Anistia Internacional continuará monitorando o caso até que todas as perguntas tenham sido respondidas e o caso, solucionado”, disse a diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck.

O documento traz informações acerca de sete temas não esclarecidos. São eles: a arma do crime; munição e disparos; carros e aparelhos utilizados pelos bandidos; câmeras de segurança; métodos de investigação; responsabilidade e competência da investigação; acompanhamento externo e andamento das investigações. 

Tais dados foram coletados a partir do que foi divulgado pelos superiores públicos ou pela imprensa. E perguntas em torno de cada tema terão que ser respondidas pelas autoridades responsáveis. “O que esperamos é que a polícia impulsione uma investigação imparcial, independente e exaustiva sobre este crime e que respondam a cada uma dessas perguntas colocadas pela Anistia Internacional. E, acima de tudo, esperamos que as autoridades afirmem seu compromisso de garantir que as investigações cheguem aos verdadeiros responsáveis por esse crime brutal, e que identifique tanto os executores, quando os mandantes e a motivação”, salientou Werneck.

A declaração mostra que Marielle foi assassinada com quatro tiros na cabeça disparados por munição calibre 9mm de uso exclusivo da Polícia Federal. Esse lote teria sido desviado dos Correios, que não possui registro desse tal ocorrido. Essa mesma munição teria sido usada em outro crime – uma chacina ocorrida em Osasco e Barueri, no Estado de São Paulo, que vitimou cerca de 20 pessoas.

Para Renata Neder, assessora de Direitos Humanos da Anistia Internacional, é quase inacreditável que a polícia não tenha descoberto quem desviou a munição e qual a relação entre os dois crimes. Ela afirmou que já foi solicitada uma audiência com o novo governador do Estado do Rio, Wilson Witzel, desde o início de seu mandato, mas que até agora a Anistia não foi atendida. A entidade espera que as novas autoridades se comprometam em elucidar os crimes. “O assassinato de uma defensora de direitos humanos é uma maneira de gerar medo. E o Estado deve dar uma resposta por meio das investigações e apontar as motivações”, falou Renata.

Mas este não é um anseio exclusivo das instituições às que Marielle era vinculada. É também a vontade maior da família de Anderson Gomes e dos pais da vereadora, dona Marinete e seu Antonio, sua filha, Luyane,  e sua companheira, a arquiteta Mônica Benício. “A gente tinha fé de que a morte da Marielle seria solucionada rápido por conta da repercussão a nível internacional que teve”, disse Antonio. “Não podemos perder a fé de que os culpados aparecerão e vão pagar pelo que fizeram”, espera a mãe, dona Marinete. Ambos participaram da leitura do documento da Anistia.

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