Câmara testa ferramenta para escolha de projetos que serão votados em comissões

Foto: Maryanna Oliveira

Nova versão da Pauta Participativa, que inclui sugestões de especialistas e de usuários da primeira versão, será testada na Comissão de Trabalho

A Câmara dos Deputados vai testar, a partir desta segunda-feira (25), a nova versão da ferramenta Pauta Participativa, em que os cidadãos ajudam na elaboração da pauta, escolhendo os projetos que desejam ver votados pela Casa. O teste desta segunda versão, que incorpora sugestões apresentadas pela sociedade civil organizada e pelos participantes da primeira etapa, será realizado com os projetos da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público.

Os participantes poderão escolher entre 12 projetos, divididos nas áreas de Administração e Trabalho. O projeto com maior saldo de votos em cada uma dessas áreas deve entrar na pauta da comissão para ser votado ainda em 2019. O prazo de votações na ferramenta encerra no dia 8 de dezembro.

Os interessados podem participar pelo endereço eletrônico www.pautaparticipativa.leg.br ou pelo portal e-Democracia da Câmara.

Projetos na ferramenta 

No tema Administração, será possível escolher entre o projeto que isenta os desempregados do pagamento de taxa de inscrição em concursos públicos (PL 696/19); o que determina a concessão de desconto em caso de pagamento antecipado das contas de água, esgoto, luz, telefone e gás (PL 162/19); o que impõe ao servidor público acusado de enriquecimento ilícito a obrigação de provar sua inocência (PL 2286/19); o que obriga as prefeituras a executar as emendas de vereadores ao Orçamento até o limite de 1,2% da receita líquida, sendo a metade para a área de saúde (PLP 18/19); entre outros.

Para o tema Trabalho, os participantes poderão escolher se preferem que seja pautado o projeto que muda as regras dos estágios (PL 4579/09); o que acaba com a figura do trabalhador autônomo exclusivo de uma empresa (PL 8303/17); o que permite saque do FGTS para portadores de diabetes (PL 2467/19); o que concede benefícios aos portadores de hepatite B e C (PL 6041/13); entre outros.

Metodologia

Além de escolher os quatro projetos – dois de Trabalho e dois de Administração – o participante também deverá rejeitar um projeto de cada, o que ele não quer que entre na pauta. Ao final de duas semanas, período da consulta, a comissão colocará em pauta o projeto de cada área que tenha obtido o maior saldo positivo de votos, ou seja, votos favoráveis menos votos contrários.

Esse método inovador é denominado “Democracia 2.1” (D21), inspirado em um trabalho realizado pelo matemático Karel Janeček. Ele defende a tese de que um processo de votação deve dar aos participantes a oportunidade de escolher múltiplas opções. As segundas, de acordo com Janeček, tendem a ser mais consensuais dentro do grupo, enquanto as primeiras tendem a ser mais particulares a cada indivíduo. O D21 já foi utilizado pelas prefeituras de Nova Iorque e Praga, e pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido.

Experimento pioneiro

A experiência de participação da sociedade na escolha da pauta do Legislativo foi considerada pioneira pelos especialistas. O Laboratório Hacker, que trabalhou na criação da ferramenta, recebeu e analisou todas as recomendações encaminhadas pelos observadores que acompanharam o experimento e as sugestões apresentadas por 184 participantes da primeira etapa. Com esse resultado, implementou as mudanças e agora testa a nova versão, desta vez para a pauta de uma comissão temática da Casa.

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