Este é um resumo do que foi dito pelo porta-voz do ACNUR, Matthew Saltmarsh – a quem o texto pode ser atribuído como citação – na coletiva de imprensa de hoje no Palácio das Nações em Genebra.
A guerra na Ucrânia desencadeou uma das crises humanitárias e de deslocamento de mais rápido crescimento da história. Em seis semanas, mais de 4,2 milhões de refugiados fugiram do país, enquanto outros 7,1 milhões estão deslocados internamente.
À medida que as pessoas continuam a fugir, o ACNUR trabalha em conjunto com as autoridades locais na Ucrânia para aumentar a capacidade de acolhimento. Mais itens básicos de assistência estão sendo distribuídos para centros de recepção e coletivos criados pelas autoridades locais para expandir a capacidade de receber mais deslocados internos. Nossa equipe também trabalha com as autoridades em várias localidades para identificar edifícios que necessitem de remodelação para servirem de centros de recepção ou coletivos.
A entrega de ajuda segue sendo um desafio nas partes do país onde há combates ativos. Continuamos nos esforçando para alcançar áreas duramente atingidas, como Mariupol e Kherson, com assistência emergencial em comboios humanitários interagenciais e contribuímos para quatro desses comboios sob o sistema de notificação humanitária: dois para Sumy, um para Kharkiv e um para Sieverodonetsk, e entregamos vários comboios adicionais com a ajuda de parceiros, chegando a 15.600 pessoas com itens essenciais.
O último comboio desse tipo foi em 6 de abril, quando o ACNUR estava entre os que transportavam ajuda para Sievierodonetsk em Luhansk, leste da Ucrânia. Durante semanas, as pessoas sofreram bombardeios implacáveis e falta de itens básicos como água, gás e eletricidade. Nossa equipe conseguiu entregar lâmpadas solares, cobertores, kits de higiene, alimentos infantis e lonas para 3 mil pessoas.
O ACNUR, junto de ONGs parceiras, continua fornecendo serviços de proteção e encaminhamentos para autoridades nos pontos de fronteira e centros de recepção. Cerca de 36 mil pessoas receberam essa assistência e informações em pontos de fronteira, trânsito, centros de recepção e por meio de linhas diretas. Esses serviços incluem assistência jurídica e apoio psicossocial, entre outros. O ACNUR também oferece serviços de proteção mais próximos dos focos de conflito, nos primeiros pontos de chegada. Os parceiros do ACNUR ainda estão presentes com uma capacidade de proteção significativa em Donetsk e Luhansk, enquanto em outras áreas diretamente expostas às hostilidades, as conexões com as comunidades estabelecidas antes da guerra foram reforçadas, principalmente em Zaporizhzhia, garantindo a distribuição de ajuda.
O ACNUR também continua enviando suprimentos humanitários da Polônia para a Ucrânia. Até o momento, 96 caminhões de assistência do ACNUR foram enviados de nosso depósito em Rzeszow para ajudar pessoas deslocadas e afetadas pelos conflitos dentro da Ucrânia. Os suprimentos incluem cobertores, kits de higiene, lonas; lâmpadas solares; kits de abrigo, sacos de dormir; roupas de cama, galões; itens de cozinha; roupas de inverno e tendas do tipo Rubb hall.
A Polônia continua sendo o principal país de chegada de refugiados, tendo recebido mais de 2,5 milhões desde o início da guerra. Embora o ritmo de chegadas esteja diminuindo, os fluxos gerais continuam, dadas as hostilidades em andamento. A equipe do ACNUR observou que os refugiados recém-chegados estão vindo de várias partes do país, incluindo do Leste, com alguns relatos de terem passado semanas se protegendo dentro de casa ou em abrigos em condições precárias.
As necessidades prioritárias identificadas pelo ACNUR para refugiados que recebem aconselhamento no centro de proteção Blue Dot (Ponto Azul) ACNUR-UNICEF em Varsóvia incluem saúde mental e serviços médicos, assistência financeira, proteção infantil e serviços sociais, acomodação e acesso ao mercado de trabalho.
Na Polônia, os refugiados ucranianos têm acesso a um número de identificação do estado polonês (PESEL). Mais de 700 mil refugiados ucranianos se registraram junto às autoridades, recebendo acesso à saúde e outros apoios sociais do Estado; 94% dos registrados são mulheres e crianças.
Para permitir que os refugiados priorizem e complementem a resposta liderada pelas autoridades nacionais na Polônia, o ACNUR está aumentando a assistência financeira. Mais de 10 mil pessoas se registraram em Varsóvia nas últimas duas semanas. O ACNUR abriu um segundo centro em Cracóvia nesta semana. Outros locais de inscrição serão abertos em breve em parceria com ONGs estaduais e nacionais.
Em 1º de março, o ACNUR lançou o Plano Regional de Resposta aos Refugiados (RRP, na sigla em inglês), que previa arrecadar US$ 550,6 milhões. Desde então, sob a coordenação do ACNUR, equipes interinstitucionais vêm trabalhando no desenvolvimento de um RRP mais completo, refletindo as necessidades atuais, e isso será detalhado no final de abril. O RRP revisado abrangerá 10 meses (março a dezembro de 2022) e deverá reunir 110 parceiros, incluindo mais de 50 ONGs locais, organizações religiosas e universidades.
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