Demissões e aumento das tarifas. Esses foram os impactos relacionados à privatização da Eletrobras, pautada pelo Governo Federal para começar a tramitar no dia 20 de outubro, e que foram discutidos em audiência pública conjunta das Comissões de Ciência e Tecnologia e Minas e Energia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Emanuel Mendes, diretor do Sindicato dos Eletricitários do Estado do Rio de Janeiro, argumentou que a privatização levará a demissões em massa e vai piorar a qualidade dos serviços prestados. “Um trabalhador da Eletrobras demora muitos anos para se aperfeiçoar. Não é qualquer um que faz manutenção de uma linha de transmissão. A privatização trará muitas demissões e precarização das condições de trabalho”, explicou. De acordo com os sindicatos ligados aos trabalhadores do setor elétrico são cerca de 7 mil funcionários da estatal só no Rio.
O diretor da Associação dos Empregados de Furnas, Felipe Araujo, ressaltou que o Rio de Janeiro sofrerá especialmente os efeitos da privatização da Eletrobras. Por isso, a audiência pública serviu para sensibilizar os políticos e a população fluminense sobre o tema. “Haverá um impacto enorme na questão fiscal, nos empregos e também em relação a questões estratégicas, porque no Rio de Janeiro está o controle da matriz de transmissão de energia do país”, apontou Felipe.
Segundo Luiz Cosenza, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro (Crea-RJ), a venda da estatal é um grande erro. “Nós somos contra a privatização do setor elétrico porque não temos dúvida que vai acabar com a Engenharia do país. Vai causar desemprego e aumento na tarifa”, avaliou. No encontro de hoje na Alerj, os técnicos da Eletrobras ressaltaram que, se efetivada, a privatização deve elevar a tarifa de energia elétrica em cerca de 30%.
O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Waldeck Carneiro (PT), afirmou que o setor elétrico é estratégico para o desenvolvimento do país e para a soberania nacional. “Os países centrais na geopolítica mundial controlam o setor elétrico. Mesmo os países mais liberais não abrem mão de controlar esse setor. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 75% das hidroelétricas são controladas ou pelo Estado ou pelas Forças Armadas, dada a relevância desse ativo”, explicou.
O presidente da Comissão de Minas e Energia, Max Lemos (MDB), também se posicionou de forma contrária à privatização. “O Rio de Janeiro vai sofrer muito com a privatização da Eletrobras. Nós temos aqui as sedes de Furnas, do Cepel e da Eletronuclear. Essa audiência pública é para entender o que está acontecendo. Toda hora tem alguém querendo tirar alguma coisa do Rio de Janeiro. Nossa obrigação é defender o estado”, afirmou.
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