Governos, instituições de ensino e responsáveis tomam medidas que visam coibir o uso das telas particulares por crianças e adolescentes, pelo menos durante o período de aulas
O Governo do Estado de São Paulo bloqueou, a partir de fevereiro, o uso de redes sociais e serviços de streamings, tanto para alunos quanto para o serviço interno. A resolução foi divulgada três dias depois da portaria que proíbe celulares nas escolas municipais na cidade do Rio de Janeiro e segue uma tendência mundial. Em julho de 2023 a Unesco publicou um relatório que alerta para o uso excessivo de tecnologias como smartphones e computadores na educação, afirmando que os benefícios que eles trazem desaparecem quando são usados em excesso ou sem a orientação de um professor. Em razão disso, alguns distritos dos EUA passaram a exigir que os alunos guardem os dispositivos em mochilas, armários ou em bolsas com fecho magnético durante as aulas. Já na Europa, alguns países estão proibindo total ou parcialmente, com iniciativas partindo dos próprios responsáveis pelas crianças e não dos governos.
Arthur Buzatto, presidente da Escola Vereda, destaca a complexidade da questão. Ele aponta que a tecnologia se tornou uma realidade nas escolas, mas também ressalta a necessidade de garantir o desenvolvimento cognitivo e social dos alunos. “O que todo mundo quer é que as crianças tenham ambientes que colaborem para o seu crescimento. E estamos tendo dificuldades coletivamente. Precisamos debater, enquanto sociedade, quais seriam as medidas justas para que a inclusão e o letramento tecnológico aconteçam sem prejuízo da socialização e do aprimoramento de capacidades previstas para a infância e a adolescência. Não podemos esperar que o equilíbrio aconteça naturalmente.”
Estudo conduzido pela Coréia do Sul entre 2017 e 2020 entrevistou mais de 40 mil participantes e concluiu que, durante esse período de três anos, o uso de telas superior a 4 horas diárias subiu de 30% para 55%. E quanto mais tempo os jovens passavam no celular, mais pioravam os índices observados de saúde mental, abuso de substâncias ilícitas e obesidade. O Grupo de Saúde Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também alerta: a dependência virtual é um problema crescente que pode afetar o padrão de sono e a fisiologia da produção hormonal dos neurotransmissores, como a dopamina e o cortisol, que influenciam diretamente nas etapas de crescimento e desenvolvimento cerebral e mental.
Proibir resolve?
Instituições de ensino dos EUA que adotaram medidas proibitivas com punições para os jovens infratores há anos atrás já passaram por um período de questionamento, debate e de revisão de suas políticas. Alguns colégios desistiram de regras muito restritivas, mas outros voltaram atrás e baniram as telas novamente. Isto porque a dificuldade em aplicar as punições e fazer valer o regramento pode desencadear uma série de medidas delicadas e ineficazes. Além disso, o protesto de adolescentes pressiona as instituições de ensino no caminho oposto: o da integração e do acolhimento, sobretudo em casos de cyberbullying, assédio virtual, vício ou outras questões que podem afetar a saúde mental e a socialização.
“Se não criarmos regras rapidamente, muito estrago pode acontecer. Por outro lado, proibir de forma integral me parece também uma perda de oportunidade das escolas de chegar a um equilíbrio para compatibilizar as contradições e necessidades do desenvolvimento infanto-juvenil. A escola é um espaço de educação, por óbvio. Com a regra autoritária, é como se esse espaço estivesse se furtando do compromisso de ajudar o estudante a aprender, lidar com as questões da vida e encontrar seu ajuste”, reflete Buzatto.
Ele conta ainda que, na Escola Vereda, o modelo adotado é de autorização parcial: dentro das salas e em período de aulas, os dispositivos móveis pessoais não podem ser utilizados de nenhuma maneira. Na hora do intervalo é permitido. No entanto, os alunos se deparam com cartazes espalhados nas paredes, informações de qualidade sobre saúde mental, alertas e espaços para conversas e instruções.
“Além disso, promovemos o que eu chamo de competições saudáveis: colocamos mesa de pingue-pongue no pátio, pebolim, fazemos gincanas de convivência, música, liberamos a quadra para esportes durante o intervalo… O estudante pode utilizar o celular, resolver alguma coisa com os familiares, enfim. Mas, ao mesmo tempo, ele vai perceber que outras coisas estão acontecendo ao redor. O grande objetivo como instituição é aproveitar oportunidades para educar: a tecnologia está onipresente e a gente quer que as crianças se desenvolvam de maneira saudável.”
Sobre a Vereda
A Escola Vereda é uma instituição de ensino integral que se destaca por oferecer um pacote completo e acessível para alunos do ensino fundamental e médio. Com um investimento de pouco mais de mil reais por mês, os estudantes têm acesso a oito horas de convívio diário na escola, material didático de excelência, alimentação, cinco aulas de inglês por semana e curso de programação, sem cobranças extras ao longo do ano.
Sua metodologia incentiva os alunos a aplicarem o conhecimento em situações reais, promovendo o interesse pelo aprendizado e permitindo que os estudantes utilizem o conteúdo aprendido na escola ao longo de toda a sua vida. A instituição também prioriza a qualidade da alimentação dos estudantes, garantindo segurança alimentar e nutrição. Com uma proposta educacional completa e inovadora, a Escola Vereda se destaca como referência na formação de alunos, preparando-os para os desafios que enfrentarão ao longo de suas vidas. Para mais informações, acesse o site https://escolavereda.com.br/.
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