Iniciativa, que tem o patrocínio do Governo do Estado, distribuiu entre R$ 4 mil e R$ 20 mil a 37 programas de comunidades
O programa Cria RJ de um incremento a artistas, músicos e empreendedores culturais de favelas do Rio de Janeiro que atuam no Complexo do Jacarezinho, na Zona Norte, da Muzema, na Zona Oeste e no Cantagalo-Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul. A iniciativa, que é uma plataforma de formação para agentes de cultura, fruição artística e estruturação de negócios, tem patrocínio do governo do estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, além da Light. Foram destinados R$ 320 mil para 37 projetos de negócios criativos, considerados como ferramenta de desenvolvimento socioeconômico, que se destacam nessas favelas.
O Cria RJ, que tem como foco os agentes de cultura com projetos inovadores, conta com o apoio do Programa Cidade Integrada, sendo realizado pela Quitanda Soluções Criativas e pelo Instituto BR. De acordo com o governador Cláudio Castro, o CRIA RJ traz impactos positivos nas economias desses territórios contribuindo para a geração de emprego, renda e oportunidades culturais acessíveis e inclusivas.
– É a cultura presente no Estado do Rio. Tenho certeza que essa premiação incentiva os artistas e produtores culturais dessas comunidades. É a democratização do acesso à cultura – avalia Castro.
Treinamento e formalização
Dentro dos projetos que ganharam incentivos estão artistas, grupos e coletivos que participaram do percurso formativo oferecido pela Agência Cria RJ. Eles receberam treinamentos em áreas como planejamento estratégico, otimização de recursos, direito autoral, prospecção de parcerias públicas e formalização de empreendimentos culturais. Os premiados receberam entre R$ 4 mil e R$ 20 mil, totalizando R$ 320 mil destinados a essa ação de fomento.
Um dos selecionados no Cantagalo-Pavão-Pavãozinho foi o projeto que tem à frente o empresário Gustavo de Souza, 39 anos, conhecido como DJ Darth. Ele é CEO da TOS Records, gravadora e produtora que traz o conhecimento do music bussines para as favelas do Rio. Darth comemora a possibilidade da expansão dos negócios a partir da formalização e capacitação oferecidas pelo projeto Cria RJ. Ainda de acordo com Darth, o projeto está pronto para alcançar as metas planejadas e expandir para outras comunidades.
– A ideia da gravadora é ajudar o artista a ter consciência de independência neste mercado, o que é extremamente importante. O Cria para mim foi uma salvação. A gente vinha com vários problemas financeiros que atrapalhavam o projeto no seu desenvolvimento. Agora, estamos formalizados e nossos planos são de expansão e estruturação dos negócios – diz DJ Darth.
Reconhecimento e valorização
O instrutor de hip-hop e MC Pedro Henrique de Oliveira, o PHO, 26 anos, que também é integrante da TOS Records, lembra que é importante o reconhecimento aos artistas que atuam nas comunidades.
– Além do CRIA RJ ser muito animador no quesito financeiro, há o reconhecimento que o projeto traz ao artista. Com o dinheiro do prêmio, por exemplo, é possível comprar equipamentos novos, fazer mais vídeos, clipes – explica PHO.
Os ensinamentos aos jovens artistas da TOS Records já trazem resultados positivos. É o caso de Matheus Vieira dos Santos, 17 anos, o Loirinho, que sonha ter um projeto social próprio no futuro e ajudar a comunidade do Cantagalo.
– O meu sonho é ajudar outras crianças da comunidade, como o CRIA RJ proporciona. Quero que a criançada olhe para frente, que possa enxergar o hip-hop como esperança e a música como saída – argumenta Loirinho.
Incentivo e aprendizado
No final do mês de maio, os projetos selecionados nas comunidades participaram de uma cerimônia de premiação do Cria RJ no Theatro Municipal, no Centro. As categorias premiadas foram Aceleração de Negócios Criativos (R$ 20 mil, cada), Impulsionamento de Negócios Criativos (R$ 4 mil, cada) e de Reconhecimento de Trajetória (R$ 4 mil, cada). Os premiados nas categorias de Aceleração e Impulsionamento participaram de um ciclo formativo intensivo na Agência CRIA RJ. Eles também receberam suporte para formalização e regularização dos seus empreendimentos, além de assessorias técnicas.
O produtor de moda Júlio César da Silva Lima, 45 anos, que é empreendedor e diretor da Jcré Facilitador, um projeto social que usa as ferramentas de moda, beleza e empreendedorismo para transformar vidas, também recebeu o prêmio do Cria RJ. Cria da favela do Jacarezinho, Lima atua há 22 anos em projetos no Jacaré.
– Com o CRIA comecei a entender que cada comunidade, cada periferia, cada território, tem um problema diferente. O investimento recebido foi ótimo para que a gente saísse do vermelho, chegasse no azul e começasse a fomentar, mais uma vez, o impacto social na favela – avalia Lima.
A Associação Ação em Atitude, localizada no Morro do Banco, no Itanhangá, com atuação na área social, esporte, cultura, educação, assistência básica e inclusiva, também foi uma das premiadas. Para Rafael Silva, fundador e presidente da instituição, por meio dos ensinamentos do Cria RJ ele se sentiu mais confiante para aprender a administrar a sua instituição de forma profissional.
– Cada aula foi importante para que pudéssemos aprender o que fazer e como fazer da maneira correta. Me sinto pronto para os desafios e preparado para as próximas oportunidades. São iniciativas como essa que nos motivam a seguir lutando pelo social que transforma vidas – afirma Silva.
Para a secretária Estadual de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros, o Cria democratiza a formação de agentes culturais e impulsiona a classe artística, premiando negócios criativos e reconhecendo ações que são destaque em suas comunidades e territórios.
– É uma felicidade poder utilizar a política pública de fomento para apoiar projetos como este, que contribuem para o desenvolvimento sustentável, ampliando a geração de emprego e renda, de forma que a economia criativa esteja cada vez mais aquecida – comemora Danielle.
Deixe o seu comentário