Sintonizada com o desafio global de combater a poluição plástica, a iniciativa, em parceria com a Oceana, tem o objetivo de substituir os plásticos de uso único
No Dia Mundial da Água (22/3), o Museu do Amanhã celebrou o início da sua trajetória como uma Zona Livre de Plástico (ZLP). A implementação inicial do projeto contou com o apoio técnico e parceria da organização Oceana e foi tema do debate “Oceanos do amanhã: como combater a poluição por plásticos?”, realizado na sede do próprio Museu, no Rio de Janeiro.
Na abertura do evento, a diretora-geral do Museu do Amanhã, Bruna Baffa, comemorou o avanço da iniciativa: “Esse encontro faz parte de pensarmos juntos e agirmos de forma sistêmica, entendendo como podemos não só debater essas mudanças, mas também construir políticas e mudar as nossas ações no dia a dia. Quando falamos do amanhã, estando no meio da Baía de Guanabara, precisamos repensar o nosso papel no mundo e a nossa maneira de habitá-lo”.
Reforçando as boas-vindas ao público presente, Ademilson Zamboni, diretor-geral da Oceana no Brasil, contextualizou: “Nós costumamos olhar para o oceano como um corpo infinito de possibilidades para se restaurar e se manter, quando na verdade, não é mais assim. A nossa capacidade de transformação está se fazendo cada vez mais presente no nosso dia a dia, quando observamos os oceanos com um pouco mais de atenção. A água é um recurso precioso, e precisamos de um olhar atento para o futuro. Por isso, trazer esse tema e essa parceria em um dia como esse é duplamente emblemático”.
O público presente ainda pôde acompanhar uma roda de conversa sobre o desafio de combater a poluição por plástico e a importância de iniciativas como essa para alcançarmos um futuro melhor e mais saudável para nossos mares. Mediado por Fabio Scarano, diretor da Escola de Futuros do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), o debate contou ainda com as contribuições de Lara Iwanicki, gerente de estratégia e advocacy da Oceana; da bióloga Janaína Bumbeer, gerente de projetos na Fundação Grupo Boticário; e de Rodrigo Tardin, professor pelo Departamento de Ecologia, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Nas últimas duas décadas, as informações que temos sobre a poluição por esses plásticos aumentou de forma significativa. Então, é importante que a ciência perceba isso e dialogue com os diferentes setores para propor soluções. O plástico tem impactos na biodiversidade como um todo e é um grande desafio”, explicou Tardin, durante o debate.
Em 2020, a Oceana realizou uma expedição na Baía de Guanabara, em parceria com o Instituto Mar Urbano, com o objetivo de coletar subsídios para analisar e combater a poluição marinha por plásticos de uso único no Brasil. O material fotográfico dessa jornada fez parte da exposição “Baía em Movimento”, disponível no Museu do Amanhã por tempo indeterminado.
O estudo “Um Oceano Livre de Plástico”, publicado pela organização, aponta que o país é responsável por poluir os oceanos com 325 mil toneladas de plástico descartável por ano. Em limpezas de praias, 70% do lixo coletado é formado por resíduo desses materiais. “Atualmente, tramita no Senado Federal, o Projeto de Lei 2524/2022, que propõe a implementação de uma Economia Circular do Plástico no Brasil. A aprovação desse Projeto é necessária para a proteção dos oceanos, do meio ambiente e da saúde humana” informa Lara Iwanicki.
ZONAS LIVRES DE PLÁSTICO
O projeto contou com o uso de metodologia criada e desenvolvida pela Oceana — que estabelece que dentro de uma Zona Livre de Plástico não entrarão, serão distribuídos ou comercializados plásticos descartáveis de uso único. Para alcançar isso, uma série de etapas foram desenvolvidas– desde uma auditoria do uso de plástico descartável nas operações do Museu até à sensibilização interna de funcionários e fornecedores,
“O projeto Zonas Livres de Plástico é uma das abordagens do nosso trabalho, que consiste em trazer para diversos estabelecimentos uma proposta de eliminação dos itens de plástico descartável. Esses materiais sem reciclabilidade acabam virando rejeitos que vão parar em cooperativas de materiais recicláveis, em redes de pesca, na Baía de Guanabara, e geram grande impacto ambiental”, explicou Lara Iwanicki.
Na execução do projeto-piloto, o Museu do Amanhã encontrou soluções para reduzir o uso de plástico-filme, capas de chuva, luvas, copos, sacolas e outros materiais de plástico descartável, como as embalagens de souvenirs em suas dependências – por exemplo, bilheteria, lojas e café. As garrafas PET também foram substituídas por garrafas reutilizáveis e distribuídas para a equipe de atendimento do Museu.
“Uma das maiores demandas para embalagens era o plástico bolha, que conseguimos abolir também. Hoje, nós utilizamos o papel colmeia e o papel pardo. Para envolver objetos frágeis, por exemplo, temos usado recortes de caixa de papelão, ou até pedaços de jornal. Fomos pesquisando essas soluções, e todo dia aprendemos algo novo”, apontou Jeanne Ferré, sócia da loja colaborativa Parceria Carioca, localizada nas dependências do Museu.
Essa mudança gerou uma busca por fornecedores com materiais alternativos e mais sustentáveis. Para o chef Luiz Moraes, dono do Café Cristóvão, localizado na área térrea do Museu, o uso da fibra de bambu foi uma das soluções encontradas para reduzir o uso, o consumo e a distribuição de plástico de uso único no estabelecimento.
“O Museu do Amanhã, o Café Cristóvão e a Parceria Carioca, com apoio da Oceana, saíram à frente, mostrando para todo o Brasil que é possível reduzir a presença do plástico descartável nas operações de diferentes estabelecimentos. Este é um exemplo a ser seguido. Os oceanos agradecem”, concluiu Iwanicki.
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