A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que no Brasil cerca de dois milhões de pessoas estejam infectadas pelo vírus da hepatite Delta, também conhecida como hepatite D. A maior incidência de casos é registrada nas regiões Norte e Nordeste do País. Muitas vezes, a infecção acaba sendo diagnosticada tardiamente, aumentando as chances de transmissão da doença.
De acordo com a Dra. Patrícia Marinho, hepatologista do Grupo Fleury, detentor da marcas Felippe Mattoso, Labs a+ e LAFE no Rio de Janeiro, a hepatite D é um vírus incompleto e necessita que outro agente infeccioso “empreste” seu envelope a ele. “O patógeno que faz este papel é o da hepatite B. Desta forma, há duas maneiras possíveis de contaminações pelo Delta: a coinfecção, em que o indivíduo se contamina com os dois vírus simultaneamente, ou a superinfecção, em que um paciente que já tem hepatite B se contamina pelo vírus D. Neste último caso, há uma tendência de evolução rápida da doença do fígado para cirrose e câncer”, explica a médica.
Existem poucos estudos disponíveis sobre a epidemiologia da hepatite D, resultando na escassez de dados e informações sobre a doença para a consulta de médicos e da população geral. “Muitos especialistas apontam para a possibilidade de que haja casos não detectados por falta de rastreamento adequado e presença de pessoas subdiagnosticadas. Por isso, é muito importante se informar a respeito da doença”, destaca a hepatologista.
Como o vírus é transmitido?
De forma geral, a contaminação pelo vírus da hepatite D pode ocorrer por meio de:
- transmissão vertical (de mãe para filho)
- sexual
- transfusão de sangue (em pessoas que receberam a transfusão antes de 1993)
- contato com objetos contaminados
- compartilhamento de seringas, lâminas, entre outros objetos perfurocortantes
Como ocorre o tratamento?
O tratamento contra o vírus é realizado com a medicação do tipo interferon – que aumenta a imunidade do organismo para que haja o combate a diversas infecções. Entretanto, a chance de controle da hepatite D com este tratamento é pequena, mas novas drogas estão sendo estudadas para que se consiga melhores chances de resposta.
Quais são os principais sintomas?
Hepatites, no geral, são doenças silenciosas. No caso da hepatite D, não é diferente, muitas vezes o diagnóstico é realizado apenas quando há cirrose ou câncer de fígado. Quando presentes, os sintomas vão desde quadros incaracterísticos como fadiga e náuseas até aqueles mais sugestivos de doença hepática como icterícia (coloração amarelada de olhos e pele), urina escura e fezes claras.
Como prevenir?
Como o vírus Delta é dependente do vírus da hepatite B, a vacinação contra a hepatite B acaba prevenindo também a D.
Onde o exame é realizado?
O diagnóstico da doença é realizado pela identificação do antígeno Delta em exames e testes de sangue, pela sigla DELTATOT. “Vale ressaltar que o teste para diagnóstico das hepatites B e D não é o mesmo. O médico precisa pedir as sorologias separadamente”, informa a hepatologista.
No Rio de Janeiro (RJ), a clínica Felippe Mattoso, Labs a+ e LAFE disponibilizam o teste para diagnóstico da hepatite D em suas unidades de atendimento.
Outras hepatites
Além da hepatite D, é preciso estar atento a outros tipos de vírus causadores de hepatite que circulam no Brasil e no mundo, como a A, B, C e E. Para hepatites A e E, a forma mais comum de contaminação está na ingestão de alimentos e água infectados com os agentes, enquanto B e C podem ser transmitidas por sangue, secreções e objetos de perfurocortantes (seringas e lâminas, por exemplo) contaminados.
“As hepatites A e B são preveníveis por meio da vacinação, disponível no SUS e rede privada. Como a hepatite Delta só é possível quando há hepatite B, a vacinação contra este vírus previne para ambas as doenças”, finaliza a médica.
Deixe o seu comentário