Chuvas causam novos estragos no Vidigal e na Avenida Niemeyer

Foto: Divulgação

Pela terceira vez em menos de seis meses, trecho da encosta da Av. Niemeyer desaba sobre as pistas e via é fechada

​Assim está o Rio de Janeiro. Não precisa chover muito para as encostas da Avenida Niemeyer irem abaixo e interditarem as pistas. O episódio ocorreu na manhã da última quinta-feira (16) nos dois sentidos da via, que liga o bairro do Leblon ao bairro de São Conrado. Há pouco mais de 40 dias, durante outro temporal, exatamente no mesmo trecho, um mar de lama desceu e arrastou um trecho da Ciclovia Tim Maia. Felizmente, nos dois casos não houve feridos. Mas, em fevereiro, um ônibus foi soterrado enquanto passava pela avenida, matando duas pessoas.

​Com chuvas cada vez mais intensas, o temporal que ocorreu em abril fez a prefeitura anunciar um novo protocolo de prevenção, podendo bloquear a Avenida Niemeyer quando o volume de chuva atingir 45 milímetros, no intuito de evitar a exposição de pedestres e motoristas ao risco de soterramento. 

​O barro que desceu da encosta chegou a atingir uma casa que já estava interditada, desde abril. Com a chuva, a prefeitura contou com a força-tarefa dos agentes da Guarda Municipal, da CET-Rio e da Comlurb para limpar a via. Com a limpeza, funcionários da Fundação Instituto de Geotécnica (Geo-Rio) começaram a fazer avaliação e o monitoramento da área. 

​Moradores do entorno onde ocorreu o deslizamento de terra, como a Maria Cristina Ferraz, 66 anos, mora a 12 anos no condomínio Ladeira das Yucas, cerca de 300 metros de distância da “avalanche”. De acordo com a moradora, o próprio condomínio se responsabiliza por fazer sobrevôos na região para verificar se as casas não estão na rota do desmoronamento. “Nós vivemos preocupados. Além de ficarmos ilhados toda vez que a avenida é fechada, nossa maior preocupação é com a segurança de todos os que trafegam diariamente por essa importante via”.

​O biólogo Mario Moscatelli, em sua rede social, em abril, após o deslizamento ocorrido no mesmo mês, afirmou que outros deslizamentos poderiam acontecer no Maciço da Tijuca e também no Vidigal. “Não precisa ser especialista em meio ambiente para ver que a encosta está toda instável e há muitas casas na beira desse tobogã. É uma roleta-russa. A Niemeyer precisa de um investimento pesado em contenção de encostas. Ou fazemos as obras preventivamente ou teremos que fazer as obras com os enterros junto”, esclareceu o biólogo.

​Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação, a Geo-Rio executa desde fevereiro no local onde houve os deslizamentos de terra realizando trabalhos de limpeza, topografia, sondagem e estabilização do solo, com promessa de término de trabalho até outubro deste ano. Só depois desses serviços, as obras de contenção deverão ser iniciadas. 

Para Caroline Dutra, diretora de comunicação da Sociedade Brasileira de Geologia no Rio de Janeiro e doutoranda da Faculdade de Geologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), enquanto as obras de contenção não forem iniciadas, medidas preventivas deverão ser tomadas.

“Como ali existe uma comunidade, uma das providências necessárias é a remoção da população dos locais com risco de desabamento. Outra medida é a conscientização dos moradores para que não joguem lixo e esgoto no topo do morro, pois isso pode potencializar a ocorrência do deslizamento”, explicou Caroline.

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