Brasil ocupa a sexta colocação no ranking de nação mais perigosa para o trabalho de jornalista

De acordo com a Unesco, no país, em 23 anos, mais de 60 comunicadores perderam a vida enquanto estavam no exercício da profissão. O Rio de Janeiro foi apontado como o Estado mais violento para a imprensa

Através do relatório “Violência Contra Comunicadores no Brasil: um Retrato da Apuração nos Últimos 20 Anos”, divulgado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), em parceria com a Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), mostrou que 64 profissionais da imprensa foram mortos no Brasil, entre 1995 e 2018, enquanto estavam trabalhando. Conforme mostrou a Unesco, o país está atrás somente de nações como a Síria, Paquistão, Iraque, Somália e México – que enfrentam crises humanitárias, políticas e institucionais.

Os três Estados que mais registraram assassinatos de profissionais da imprensa desde 1995 foram: em primeiro lugar, o Rio de Janeiro (13 mortes); em segundo, a Bahia (7 mortes); seguida do Maranhão (6 mortes). O levantamento também mostrou que, dos 64 casos, sete deles não foram solucionados e outros sete não possuem informações. A maior parte das mortes aconteceram em municípios com poucos habitantes e atingiram jornalistas que pertencem a pequenos grupos – como radialistas e blogueiros. “Chama atenção a quantidade de fatos ocorridos no Estado do Rio de Janeiro, que lidera como a unidade da federação mais violenta para o trabalho de comunicadores. Além de estar à frente em número absoluto de atos de violência extremada, o Estado fluminense foi palco de dois casos simbólicos – os assassinatos de Aristeu Guida e Reinaldo Coutinho (ambos ocorridos em 1995)”, salientou o texto. 

Segundo o material, o ano de 2015 foi o mais violento para os profissionais da imprensa. E mesmo que nos anos seguintes as taxas de homicídios de jornalistas tenham apresentado uma certa diminuição, em 2018 houve novamente um aumento destes índices – quatro comunicadores mortos durante o exercício do jornalismo. O relatório destaca que tais crimes ferem a liberdade de expressão e apontou dificuldades estruturais nas Polícias Judiciárias para que mandantes e executores sejam severamente punidos. “Muitos mentores intelectuais desses crimes não chegam a ser responsabilizados. A autoria por vezes sequer é identificada. […] Essa situação de inação pode gerar a responsabilização internacional do Estado brasileiro, pela violação de compromissos internacionais voltados para a proteção dos Direitos”, destacou o documento. Tais informações foram coletadas pelo Ministério das Relações Exteriores, que envia dados sobre o assunto para a Unesco. 


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