Bulimia: a ansiedade por traz do exagero na alimentação

Por: Profa. Dra. Paola Alexandria P. de Magalhães. Enfermeira e PhD em Ciências pela Universidade de São Paulo – EERP/USP

Com a pandemia da Covid-19, a ansiedade ocasionada pelo isolamento social tem aumentado a incidência de transtornos alimentares. Muitas pessoas têm descontado na comida as inseguranças e incertezas advindas deste momento que estamos vivenciando.

Um dos transtornos alimentares que tem aumentado a incidência na população é a bulimia nervosa. A bulimia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado por episódios de compulsão alimentar, aumento anormal do apetite com descontrole alimentar seguidos de comportamentos compensatório purgativo. 

Pessoas que apesentam tal transtorno tendem a consumir alimentos calóricos e em quantidade além do que consumiriam normalmente. Devido ao fato de exagerarem no consumo de determinados alimentos, muitas vezes desencadeados por situações que geram ansiedade, a pessoa se arrepende podendo provocar o vômito, abusar do uso de laxantes, de diuréticos e de remédios para perda de peso, jejum ou exercício vigoroso com a intenção de emagrecimento. 

Tais quadros de hiperfagia costumam ser desencadeados por estresse psicossocial e podem ocorrer várias vezes ao dia ou uma vez por semana.  Este transtorno alimentar afeta cerca de 1,6% das mulheres, entre elas adolescentes e adultas jovens.

Pessoas que sofrem deste transtorno estão constantemente preocupadas com a forma corporal e com o peso, não se sentem à vontade com seu corpo e veem a necessidade constante de perda de peso. Geralmente os pacientes apresentam peso normal ou leve sobrepeso. Com tais hábitos supracitados as pessoas portadoras de bulimia nervosa acabam por ter possibilidade aumentada de ganho de peso e autoestima prejudicada, além de sentimento de culpa e remorso, quadros de depressão e transtornos de ansiedade. 

A bulimia nervosa pode desencadear algumas complicações como erosão do esmalte dos dentes, aumento da glândula salivar, inflamação do esôfago e cicatrizes nas articulações dos dedos. Normalmente o diagnóstico é feito a partir da análise de critérios clínicos, tais como os comportamentos compensatórios relatados pelo paciente. 

O tratamento é feito por meio de equipe multiprofissional (enfermeiro, médico, nutricionista, psicólogo), utilizando principalmente psicoterapia e antidepressivos. A intenção é fornecer uma rede de apoio ao paciente, por meio de escuta ativa, reeducação alimentar, autoaceitação do corpo e prevenção de recorrência. Ter uma rede de apoio é importante para o tratamento e recuperação a médio e longo prazo dos pacientes que possuem bulimia nervosa, principalmente em tempos de pandemia pela Covid-19.

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