Cerca de 90% dos pacientes que tiveram forma grave ou moderados de Covid-19 vão precisar de fisioterapia

Foto: Pixabay

A recuperação da Covid-19 muitas vezes é lenta e pode demandar apoio profissional multidisciplinar. A fisioterapia se mostrou forte aliada na superação da doença e das complicações do vírus causadas pelo vírus. Neste Dia Mundial da Fisioterapia, saiba quando recorrer ao especialista

Mais de 20  milhões de pessoas acometidas e quase 600 mil mortes. Esse é o atual legado negativo da Covid-19 no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. A pandemia trouxe consigo os desafios de uma nova realidade, que não se acaba exatamente com a eliminação do vírus do organismo. Muitos pacientes precisam estar atentos, mesmo após a cura, com a perda da capacidade pulmonar, causada não só pelo vírus, mas também pelo processo de internação em si, como uso de sedativos e ventilação mecânica; mas também outros sintomas não pulmonares muito graves, como fraqueza muscular de difícil recuperação, que pode até impossibilitar o paciente de retornar às atividades normais de imediato.

Nestes casos, a fisioterapia é uma aliada indispensável, conforme explica o fisioterapeuta especialista na área esportiva, acupuntura e dor, Thiago Vilela, que atende no Órion Complex, em Goiânia, e tem trabalhado diretamente com pacientes casos de dor crônica e fraqueza muscular pós-Covid. Segundo ele, cerca de 90% dos pacientes que tiveram casos graves e moderados da Covid-19 precisarão de fisioterapia. “O trabalho realizado pelo fisioterapeuta é essencial, não somente pelas limitações e incapacidades que o paciente desenvolve no âmbito respiratório, mas nas transformações neurológicas e vasculares também”, alerta. 

Um exemplo é o caso do André Fernandes, médico coloproctologista, que mesmo com todos os cuidados foi contaminado com a Covid-19 em dezembro de 2020. Após ficar mais de 30 dias internado, hoje ainda está se recuperando das sequelas ocasionadas pelo vírus, incluindo uma severa fraqueza muscular, e compartilha como a fisioterapia foi essencial para o seu tratamento ainda quando estava na UTI. “Fiquei com 98% de comprometimento pulmonar, mal mudava de posição e meu quadro não se estabilizava. Enquanto estava no hospital fazia fisioterapia duas vezes por dia, mesmo na UTI. Saí do hospital dependente de oxigênio e uma semana depois com a ajuda da fisioterapia, não precisei mais. Antes para levantar a perna era um esforço muito grande, não conseguia tomar banho e nem fazer nada sozinho. Com a fisioterapia fui melhorando de maneira surpreendente.” 

Hoje André ainda se recupera, faz fisioterapia todos os dias, retorna aos poucos às suas atividades, voltou a trabalhar após seis meses e se emociona por lembrar: “Pediam para eu levantar a perna, um pequeno exercício, era um esforço tremendo. Hoje faço coisas que jamais imaginei que iria conseguir. A gente precisa valorizar mais esses profissionais pelo grande papel que desempenham”.

Segundo Thiago Vilela, quanto mais cedo o paciente começa a introduzir os estímulos motores, neurológicos, respiratórios e cardíacos, mais rapidamente ele tende a se recuperar. O fisioterapeuta recomenda: “Comece o tratamento o mais cedo possível. Se estiver muito incapacitado, comece em casa com fisioterapia domiciliar. A partir do momento que já tem a condição de sair de casa, vá a centros de reabilitação, em lugares que já consiga fazer exercícios com mais carga, com mais demanda e, por último, volte às rotinas e atividades físicas gradativamente. A busca por apoio psicológico também é essencial para voltar a rotina”, completa.

Fique atento ao sintomas

Para as pessoas que já foram contaminadas com a Covid-19 e estão se recuperando, Thiago alerta sobre os sintomas e como identificar a necessidade de ir ao fisioterapeuta: “sensação de cansaço a pequenos esforços. Algo que não sentia antes e hoje sente com algum esforço, como subir alguns degraus, caminhadas curtas, um cansaço maior que o normal”. Também a sensação de falta de ar frequente e fraqueza muscular são outros sintomas ressaltados por ele. 

Quanto aos sintomas neurológicos, o fisioterapeuta relata que os pacientes podem apresentar alteração de sensibilidade e formigamentos, além de aspectos cognitivos como déficit de memória e falta de concentração.  “Sempre se atente a dores não existentes antes da Covid e a sintomas que não tinha antes de ser contaminado”. Ele frisa ainda que há algumas dores que os pacientes têm desenvolvido sem explicações e estudos de teorias relacionadas a mudanças celulares estão sendo feitos para identificar de que maneira tais dores vem sendo processadas no organismo.

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