Dólar sobe e indefinição sobre Previdência abate o mercado

Cresce o ceticismo sobre a Previdência e a Moeda Americana tem maior alta desde Joesley Day

Diante dos quatro principais termômetros financeiros: dólar, bolsa, risco-país e juros, estes mudaram de direção repentinamente na última semana. Retornaram aos mesmos patamares do início do governo de Jair Bolsonaro e como reflexo, a dúvida dos investidores em relação à aprovação da Reforma da Previdência.

O avanço do dólar superou os 2% na última sexta-feira (22) e invalidou os R$ 3,90 pela primeira vez no atual governo. Este foi o maior percentual desde o Joesley Day, como ficou conhecido o dia seguinte à divulgação dos áudios traiçoeiros entre Joesley Batista e o ex-presidente Michel Temer, em maio de 2017, enterrando a Reforma da Previdência à época do Governo Temer.

De acordo com Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, “a piora dos preços dos ativos reflete o aumento das dúvidas, entre investidores, sobre o encaminhamento da Reforma da Previdência no Congresso, em um ambiente externo que também se torna mais complexo. Sem reforma da Previdência, fica difícil cumprir o teto de despesas e, com isso, controlar o crescimento da dívida pública”.

Depois de ter encostado os 100 mil pontos, chegando a 93.735, nível de fechamento no dia 22 deste mês de março – equivalente ao patamar da primeira semana após a posse de Jair Bolsonaro – se vê que este novo fechamento não agrada os investidores.

O giro financeiro excedeu os R$ 20 bilhões, acima da média de R$ 16 bilhões do ano e sinal evidente de uma liquidação de ativos por parte dos investidores. No ano, a alta acumulada é de 6,7%.

“A gente foi do céu ao inferno em uma semana”, relata Álvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.

Estatais como Banco do Brasil e Petrobrás, que sempre se beneficiaram com a troca de governo, perderam mais de 5% no último dia 22/03. O risco-país, medido pelo CDS (Credit Default Swap) aumentou quase 9%, 177,9 pontos. Os juros futuros também avançaram.

A reforma da Previdência é considerada essencial pelos investidores para que a dívida pública pare de crescer. Se ela cresce, investidores exigem remuneração maior para emprestar dinheiro ao governo. 

Bolsonaro que voltou dos Estados Unidos no meio da semana passada e agora se encontra no Chile, já adiantou que na volta terá uma conversa com Rodrigo Maia.

Com a prisão de Michel Temer (MDB), é possível mobilizar as atenções dos parlamentares favoráveis ao político e medrosos sobre um novo fortalecimento da Lava Jato. Já no exterior, o dia 22 de março não foi nada positivo. Após algum otimismo com a manutenção dos juros americanos no patamar de 2,25% a 2,50%, sinalizada pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), as principais bolsas americanas e europeias optaram pelo recuo. 

Na última sexta (22), a Alemanha divulgou dados piores que o esperado, realimentando a aversão a risco.

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