HPV, álcool e tabagismo estão relacionados a casos de câncer de cabeça e pescoço, inclusive entre jovens

Foto: Pixabay

A incidência de casos de câncer relacionados a infecções causadas pelo vírus do papiloma humano (HPV), sexualmente transmissível, tem aumentado. De acordo com estudo apresentado na ASCO 2021, maior evento mundial de oncologia, realizado pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica, nos últimos 17 anos, diminuiu a ocorrência de tumores cervicais ou de colo de útero, porém os diagnósticos de outros tipos de tumores ligados ao HPV, que acometem tanto mulheres quanto homens, seguem cada vez mais frequentes.

Enfermidades como o câncer de orofaringe, mais comum em homens, também tem relação com o vírus. Outros fatores como tabagismo e alcoolismo representam riscos maiores para o desenvolvimento de câncer na região da cabeça e pescoço, cuja prevenção é tema da campanha Julho Verde.  

“Muitos países, principalmente os mais desenvolvidos, têm registrado esse aumento de casos de câncer ligados ao HPV. Muito se fala da relação entre o vírus e o câncer de colo de útero, mas há outros tipos de câncer diretamente associados, como de orofaringe, ânus e reto, que seguem com incidência crescente, além do de vagina, vulva e pênis”, destaca o oncologista Pedro De Marchi, do Grupo Oncoclínicas no Rio. 

Considerando os principais tipos de câncer na região da cabeça e pescoço (como o de boca, faringe e laringe), cerca de 23 mil novos diagnósticos devem ser confirmados por ano no Brasil, para o triênio 2020 – 2022, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Todos eles podem ocorrer em jovens. Aproximadamente um quarto dos casos de câncer de boca ocorrem em pessoas com menos de 55 anos.

“Lesões na boca, nódulos no pescoço ou rouquidão que persistem por mais de três semanas devem ser investigados. Procurar atendimento médico é fundamental para um diagnóstico precoce, o que tem sido um grande desafio nessa época de pandemia de COVID-19. Não fumar, ingerir bebida alcoólica com moderação, usar preservativo e reduzir o número de parceiros sexuais são as principais maneiras de prevenir a doença. É provável que as vacinas para HPV sejam capazes de reduzir o número de casos de câncer de boca e orofaringe. No entanto, os estudos ainda precisam de maior tempo de seguimento para que isso seja comprovado”, acrescenta o médico.

Já o câncer de tireoide, é um câncer à parte. É três vezes mais comum em mulheres e também pode ser detectado em idades precoces. Apresenta poucos fatores de risco conhecidos, como história de tratamento radioterápico envolvendo a região do pescoço. É importante estar atento a nódulos (ínguas) nessa região e procurar atendimento caso haja crescimento, principalmente na ausência de dor. Apesar de ser um tumor que cresce lentamente e na maioria das vezes curado com o tratamento adequado, de 2008 a 2017, de acordo com o INCA, houve aumento na taxa de mortalidade por esse tipo de enfermidade.

Tratamento

O tratamento da maior parte dos casos exige o envolvimento de uma equipe multidisciplinar contendo médicos de diferentes especialidades como cirurgia, radio-oncologia, oncologia clínica, radiologia, medicina nuclear e cirurgia plástica, além de profissionais de áreas não médicas como enfermagem, nutrição, fonoaudiologia, fisioterapia, psicologia, assistência social, pesquisa clínica, entre outras. Pacientes com câncer de cabeça e pescoço tratados por equipes multidisciplinares apresentam melhores resultados terapêuticos.

Nas últimas décadas, alguns avanços no tratamento foram observados, como melhores aparelhos de radioterapia que reduzem os efeitos colaterais do tratamento, novos agentes sistêmicos como terapia alvo e a imunoterapia, além de novas técnicas cirúrgicas menos invasivas. 

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