Cuidados Oncológicos em tempos de Pandemia da Covid-19

Por: Dra. Paola Alexandria Magalhães / PhD em Ciências Programa Pós-graduação Enfermagem em Saúde Pública – USP, Maria Laura Macedo Leal, Fabíola Augusta Borges Vinhando, Layla Pereira Verri, Luara Fernanda da Silva, Maria Eduarda Garcia Avanso Silva, graduandas do curso de Enfermagem, Unifipa 

Segundo o Ministério da Saúde, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV-2), descoberto em Wuhan, na China, em dezembro de 2019, denominado como o novo coronavírus (COVID-19) disseminou-se de modo rápido e abrangente, e desencadeou impacto significativo na atenção à saúde no mundo. No que se refere ao paciente oncológico, esta preocupação fica ainda mais evidente visto que o paciente em tratamento para determinados tipos de cânceres ficam suscetíveis no que se refere ao sistema imunológico.

Segundo artigo publicado em revista científica por Luiz Claudio Santos Thuler, pesquisador da Divisão de Pesquisa Clínica e Desenvolvimento Tecnológico do Instituto Nacional de Câncer – José Alencar Gomes da Silva (INCA), alguns estudos na área da saúde apontam que pacientes oncológicos são mais susceptíveis aos eventos graves da infecção pelo vírus e tem maior risco de mortalidade (28,6%) quando comparado a população geral (5,3%), devido a imunossupressão do tratamento e pela própria neoplasia. Segundo à The Lancet Oncology, dos 1.590 casos de pacientes que positivaram para Covid-19, cerca de 18 deles apresentavam história de câncer.

Diante deste cenário, organizações e autoridades oncológicas têm realizado protocolos e recomendações para melhorar a assistência aos pacientes oncológicos durante a pandemia, já que esses pacientes apresentam sinais e sintomas relacionados aos efeitos colaterais do tratamento e até complicações particulares da própria neoplasia que podem dificultar a diferenciar dos sinais e sintomas da Covid-19, o que torna esses pacientes uma população de risco e maior necessidade de atenção no decorrer da pandemia. Pacientes em tratamento quimioterápico, por exemplo, podem apresentar náuseas, vômito, falta de apetite, diarreia, leucopenia (diminuição de leucócitos no sangue), o que pode deixar o organismo mais suscetível à infecções e febres.

Este é o grande desafio dos pacientes e profissionais da saúde – estarem atentos aos sinais e sintomas para que seja feito o manejo e enfrentamento adequado da pessoa em tratamento oncológico durante a pandemia. Muitos centros de tratamento para o câncer desenvolveram alternativas para a aplicação de quimioterapia e radioterapia; assim como modo de realocar pacientes infectados por Covid-19 para receber o tratamento ao final do dia, por exemplo, para diminuição do risco de futuras infecções pelo vírus.

Diante do cenário em que vivemos, os pacientes oncológicos fazem parte dos grupos de risco para complicações graves, pois estão dentro das imunossupressões secundárias ao tratamento ou da imunodepressão por conta do câncer, e esses, precisam de cuidados básicos, assim como todos as outras pessoas.

Segundo Instituto Nacional do Câncer, o paciente com câncer deve tomar algumas precauções durante o tratamento, como por exemplo, ter apenas um acompanhante, com menos de 60 anos; manter distância de outras pessoas, mesmo que da equipe de saúde; não ficar próximo de outros pacientes; evitar circular pelo hospital; não ficar mais tempo do que o necessário no ambiente hospitalar; manter as recomendações de prevenção, como lavar as mãos com água e sabão e na sua ausência, usar álcool em gel; cobrir nariz e boca com lenço ao tossir ou espirrar – se não for possível, utilizar o antebraço como barreira e não compartilhar objetos pessoais.

O INCA também traz recomendações para os familiares que residem com os pacientes que estão em tratamento de câncer. É necessário estar atento às recomendações de prevenção e seguir as orientações do Ministério da Saúde, tais como higiene doméstica (desinfecção de superfícies que são tocadas com mais frequência); desinfectar compras antes de guardá-las; higienização das mãos com água e sabão; higienização das mãos com álcool gel; tomar banho antes de entrar em contato com o paciente (inclusive com higienização de cabelos); manter bolsa e outros pertences em local separado.

O instituto também orienta que se o acompanhante ou cuidador (a) apresentar sintomas de gripe, como tosse, febre, falta de apetite, perda de paladar ou olfato, deverá remanejar-se para um novo local junto à família e amigos afim de proteger o paciente oncológico cuja a imunidade já está diminuída devido aos efeitos colaterais de alguns tratamentos. Caso não seja possível, esta pessoa deverá ficar isolada em um cômodo da casa, evitando manter contato com demais pessoas do convívio social.

Com isso, a enfermagem oncológica tem colocado muito mais suas habilidades e organizações dos cuidados em prática. Uma das principais orientações, é que os profissionais encorajem os pacientes a não desistirem de seus tratamentos, já que muitos se tornam receosos de continuar por conta do risco elevado de se exporem ao ambiente.

O profissional de enfermagem é o que mais tem proximidade com esse paciente, por isso, nesta abordagem, ele poderá atuar transmitindo mais confiança aos envolvidos no processo do cuidado oncológico.

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