Homem britânico, que não teve a identidade divulgada, era HIV positivo e foi submetido a um transplante de células-tronco há três anos. Seu doador lhe conferiu resistência natural ao vírus. Este já o segundo caso idêntico de provável cura da doença que cientistas relatam em 12 anos
Segundo o que foi divulgado pela revista inglesa “Nature”, um homem, morador da Inglaterra, identificado apenas como “paciente de Londres”, passou por um transplante de células-tronco, em maio de 2016, a fim de tratar um linfoma de Hodgkin. Além desta doença, o homem também tinha HIV, tendo sido diagnosticado com essa patologia desde 2003. Os médicos que cuidavam de seu quadro clínico, encontraram um doador compatível e que possuía resistência natural ao vírus do HIV por conta de uma mutação genética rara na proteína CCR5. A Associated Press disse que tal procedimento cirúrgico fez com que o sitema imunológico do paciente de Londres fosse alterado e ele também se tornasse resistente ao HIV, como seu doador.
Este já é o segundo caso do mesmo tipo que a ciência registra com 100% de sucesso em 12 anos. Timothy Ray Brown, o “paciente de Berlin”, teve leucemia em 2007 e foi submetido a dois transplantes de medula óssea. Como a quimioterapia não estava surtindo efeito, Brown passou por tais cirurgias e seu doador também era portador da mutação genética na proteína CCR5, presente na superfície de algumas células do sistema imunológico. O vírus do HIV faz uso dessa proteína para adentrar nas células, mas acaba ficando resistente à versão mutante. Depois da recuperação, o paciente de Berlin foi diagnosticado como curado do HIV. Hoje, ele tem 52 anos e vive na cidade de Palm Springs, na Califórnia (EUA).
Porém, os especialistas salientam que o transplante é altamente perigosos e não pode ser apontado como solução para todos os casos de pacientes soropositivos, pois já aconteceram falhas em outros indivíduos que passaram pelo mesmo procedimento. E, embora muitos cientistas afirmem que ainda é muito cedo para comemorar o transplante de medula óssea como uma opção viável para o tratamento do HIV, a situação do paciente de Londres foi vista como um grande avanço para a literatura médica. Conforme disse a virologista do Centro Médico da Universidade de Utrecht, na Holanda, Annemarie Wensing, ao The New York Times, esse fato vai ser mais uma inspiração para as pessoas portadoras de HIV de que a cura não é apenas um sonho, mas que é alcançável.
É correto afirmar, como ressalva, de que é difícil aplicar uma definição correta para este acontecimento, uma vez que existem apenas duas situações conhecidas como possíveis curas da enfermidade. Alguns especialistas se referem ao caso do paciente de Londres como uma remissão de longo termo e destacam que o HIV não retornará ao corpo do indivíduo. Mas outros consideram o homem totalmente curado. Mais detalhes sobre o fato serão divulgados em uma conferência que tratrá acerca de Retrovírus e Infecções Oportunistas, em Seattle, nos EUA.
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