Alexandre Sampaio*
Uma coisa é certa: o perfil do turista brasileiro nunca oscilou tanto em relação às suas preferências de viagem. A pandemia da Covid-19 foi uma das principais responsáveis por esta mudança. Sabe-se que, em 2019, no Brasil, havia preferência por viagens de avião, entretanto, neste ano, é possível que o investimento da população seja em outras formas de deslocamento, como locomoções por carro, por exemplo.
Essa tendência tende a se normalizar, visto que a busca por destinos próximos se elevou consideravelmente por conta da infecção viral. Os turistas se paralisaram diante da incerteza provocada pelo coronavírus e isso impactou todo o segmento. Além disso, ainda vivenciamos restrições impostas pelos demais países, o que influencia o brasileiro a investir em destinos nacionais.
Vemos que algumas modalidades específicas podem ganhar mais força durante essa “repaginada”. O turismo de aventura, sem dúvidas, é uma delas. Primeiro, porque a geração atual tem prezado, cada vez mais, pela saúde e pelo bem-estar. Segundo, pois é inegável que o nosso território é repleto de lugares ricos e capazes de proporcionar bons momentos para a adrenalina, o que será amplamente explorado.
Nesta sexta-feira (19), dia em que se é celebrado o Dia do Esportista, é recomendado que a cadeia produtiva pense nesse novo modelo que tem se crescido a passos largos diante os nossos olhos. É possível que poucas pessoas associem o esporte com o tal turismo de aventura, contudo, ambos os conceitos estão amplamente ligados e merecem ser destacados.
Entre rios, montanhas, praias e cachoeiras, há inúmeras possibilidades de destinos nas nossas regiões. Nosso país é considerado um dos mais ricos e diversificado. De Norte a Sul, é possível desbravar de cenários incríveis e, sem dúvida, desafiantes para quem deseja mergulhar no contato com a natureza.
Todavia, assim como o restante das atividades do segmento, o turismo de aventura enfrentou grandes dificuldades com o período pandêmico. Em novembro do ano passado, por exemplo, o XXXVI Boletim Especial do Observatório da Goiás Turismo, em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA) e o Núcleo de Planejamento Estratégico de Transportes e Turismo (Planett/UFRJ), informou que a principal estratégia adotada pelas empresas do segmento de Ecoturismo e de Turismo de Aventura foi a remarcação com os clientes (49,6%), seguida por contenção de gastos administrativos (16,8%). Os impactos econômicos para o setor foram amplamente sentidos a partir da segunda quinzena de março.
Aos poucos, estamos reconstruindo hábitos e recriando a relação com os nossos turistas. É preciso ter paciência. Não podemos nos prender apenas às obscuridades causadas pelo coronavírus. Portanto, devemos nos preparar para as novidades do mercado.
Sabemos que a pandemia, em algum momento, acabará, mas ela deixará alguns hábitos que dificilmente serão alterados após o seu fim. A relação com a natureza, com certeza, será um desses belos legados após um período de tantas turbulências. Assim como os aventureiros espalhados pelo território brasileiro, saibamos explorar essa nova realidade que estamos entrando. O mundo está mudando e nós, do turismo, devemos seguir os mesmos passos.
*Presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA).
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