Saúde mental e trabalho: Ansiedade, Burnout e Prevenção

*Catherine Plata – Psicóloga Clínica e Neuropsicóloga

Dentre as principais queixas trazidas atualmente por pacientes: a relação laborativa desmedida e quadros de ansiedade. É notória a relação da dinâmica estressante, demandante, das pressões que vão para além das tarefas da rotina profissional e perpassam outros lugares como o desgaste da concorrência, a autoexigência, metas a bater, resultados a apresentar, o perfeccionismo, o não limite de horário e a sensação de estar sempre em falta e podendo fazer algo melhor.   

A relação profissional tem invadido de maneira silenciosa a vida das pessoas e impactado de forma implícita e disfuncional no psicológico daqueles que enfrentam a toada acelerada do mercado de trabalho contemporâneo.     

O avanço tecnológico é um dos fatores que mais contribuiu para se chegar neste lugar. Se no início a tecnologia vendia a esperança de diminuir o trabalho humano para que se otimizasse o tempo, as ferramentas tecnológicas de hoje ativaram um movimento inverso, dispondo de recursos diversos para que assuntos sejam tratados em tempo real, em que as fronteiras do dito horário comercial sejam invadidas por mensagens, respostas instantâneas, e-mails, resoluções que não podem mais esperar.

O que antes deveria aguardar o dia seguinte tem sido realizado no agora. Agora este que tem sido constante. Isso assusta quando se pensa que repouso é uma necessidade para qualquer sistema funcionar bem e em equilíbrio. (Para onde vai uma engrenagem sem freio?)

Curiosamente há um aumento expressivo em casos de afastamento do trabalho por causas psiquiátricas. O número alarmante de casos de ansiedade e depressão – transtornos que andam lado a lado quando se pensa em comorbidade, pincelam parte deste cenário moderno de muito trabalho e pouca qualidade de vida. 

Uma sociedade do consumo embasa os motivos que levam pessoas a sacrificarem seu tempo trabalhando cada vez mais, afinando as barreiras que poderiam proteger os lugares de pessoa física e jurídica, cada uma em seu quadrado.

Atualmente o efeito dominó da pressão psicológica profissional vai desde grandes diretores até os chamados subempregos pois o que se tem é um mercado de trabalho acelerado, girando em torno de uma máquina monetária agressiva e que não dorme. As dinâmicas são repassadas, o custo de vida aumentado, as demandas interligadas de uma forma ou de outra.

Tempos estressantes e trabalhos estressores, assim vamos vendo a sociedade adoecer, trazendo queixas cada vez mais comuns acerca da sua rotina profissional. Sessões e mais sessões de terapia são utilizadas para falar do ambiente de trabalho, por vezes, questões familiares pouco ou quase nunca são citadas – pessoas VIVENDO seus trabalhos tem sido cada vez mais comum, e não é à toa que recentemente a OMS oficializou o fenômeno da síndrome crônica ligada ao trabalho a batizando por Síndrome de Burnout, tendo em seu bojo de sintomas o esgotamento físico e mental que podem até mesmo, num nível mais severo, paralisar o sujeito.

Como a maioria dos transtornos psiquiátricos, o Burnout pode surgir silenciosamente, em meio a uma sensação banalizada/naturalizada de estresse, enquanto a ideia de se trabalhar sob pressão é absorvida como realidade “que faz parte”. 

O acúmulo de estresse excessivo e tensão emocional no contexto profissional resultam em quadros de ansiedade e depressão que fazem com que, de repente, sujeitos não se reconheçam, percam o controle de sua mente, e se vejam mergulhados em sintomas que atingem inclusive o corpo numa cadeia de respostas, que não se limitam ao cansaço, mas trazem também a insônia, a falta de concentração, os lapsos de memória, baixa autoestima e desânimo.

Portanto, preste atenção nos detalhes e cuide-se antes de adoecer. 

*Catherine Plata – Psicóloga Clínica e Neuropsicóloga

Fundadora do projeto Sinapsi Mundi – Psicologia Sem Fronteiras

Whatsapp: (21) 99285-5246

www.catherineplata.com.br

www.sinapsimundi.com

Deixe o seu comentário

Comente

Seu e-mail não será publicado.


*