Autor: Antonio Tuccilio, presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP)
Somos mais de 11,7 milhões de trabalhadores da saúde, educação, segurança, transportes e dezenas de outras carreiras igualmente importantes.
Somos responsáveis por uma série de atividades, muitas essenciais e desempenhadas somente pelos funcionários públicos.
Cuidamos da administração e do patrimônio público e prestamos vários serviços à população.
Estamos nas ruas, nas escolas, nos hospitais, nas delegacias, nos órgãos municipais, estaduais e federais.
Estamos em todos os lugares. E desempenhando praticamente todas as funções.
Sim, somos importantes. Somos muito importantes. Saiba disso, Servidor Público. Você é muito importante para o Brasil.
Mas somos reconhecidos? Bom, essa questão é complexa.
Se de um lado, contribuímos para manter o país em ação – e a sociedade reconhece isso –, por outro há quem não se canse de denegrir o nosso trabalho.
O exemplo mais recente é a famigerada PEC 32/2020, a Reforma Administrativa, que pune o Servidor Público.
Mas vamos falar de coisas positivas. Prefiro me ater ao que nos fortalece e diferencia como servidores.
Prefiro falar dos profissionais da Saúde que nesta pandemia colocam sua vida em risco para salvar as pessoas. Muitos, inclusive, perderam a vida por esse compromisso. São todos heróis.
Prefiro falar dos professores, que mesmo com falta da ação dos governantes, se organizaram para oferecer aulas pela internet para os jovens. São igualmente heróis.
Também há os policiais, os servidores das instituições públicas e tantos outros.
Os funcionários públicos estão em todo o país, de norte a sul, de leste a oeste. Do Oiapoque ao Chuí. A fronteira é o Brasil. Onde tem serviço público lá está um funcionário federal, estadual ou municipal.
Exemplos como esse mostram que o servidor público está aí para fazer o melhor para o país.
Mesmo assim, há quem diga que os funcionários públicos são preguiçosos. Essa generalização é muito injusta e prejudica a imagem dos bons profissionais (a expressiva maioria) que trabalham no setor público.
É importante ressaltar a corrupção e a má gestão são fatores que influenciam fortemente a qualidade dos serviços públicos prestados.
Nesse cenário, o funcionário público, aquele que está na ponta e faz o contato direto com a população, é sempre o mais criticado. É sempre ele que precisa lidar com as reclamações. É aquele que tem a imagem manchada.
A culpa não é do servidor quando, por exemplo, faltam medicamentos em hospitais públicos. Ele, na verdade, faz o que pode com o pouco que tem em mãos para não deixar à míngua os doentes que chegam diariamente.
Assim também são os professores. Além de muitos casos de falta de respeito dos alunos, eles precisam trabalhar em escolas sem carteiras, cadeiras, materiais didáticos, laboratórios, entre outros diversos itens essenciais para as aulas. Em algumas cidades do interior, as salas de aula sequer têm infraestrutura. Não surpreende que muitos professores sintam-se desmotivados (quantos não são os casos que procuram ajuda médica?). Isso se reflete na aula e gera críticas de alunos e pais. Criticam o docente, mas deveriam direcionar suas críticas – justas, é claro – ao poder público.
O que muitos não percebem é que essa é apenas a ponta do iceberg. O problema está na má gestão e na roubalheira. Quando o remédio não chega ao posto de saúde é porque houve desvios. Quando falta merenda é porque alguém roubou a verba. Quando o Brasil fica entre os piores em níveis de educação no mundo é porque os bilhões destinados ao ensino foram mal administrados. Mas, apesar disso tudo, o setor público carrega a cruz que não é dele. É a generalização do ‘tudo que é público é ruim’.
Como em todas as classes, há casos de mal servidores. Sim, há. Mas representam uma ínfima parcela do total.
Além disso, há pessoas que buscam no setor público uma vida tranquila (que é uma ilusão), quando o objetivo deveria ser contribuir para a sociedade com o resultado do seu trabalho.
Também é preciso deixar claro que não defendemos que funcionários públicos recebam salários acima do teto. É uma minoria que acaba servindo de referência para a população.
Por causa deles, muitos acreditam que todo servidor público é um tio Patinhas que nada em dinheiro. Sabemos que essa não é a realidade da categoria.
Concordo que precisamos ser mais conscientes politicamente e cobrem das autoridades melhores condições de trabalho, sempre que necessário. Portanto, há críticas merecidas.
Porém, incomoda ver como alguns setores demonizam o setor público. Dizem que até mesmo o suposto rombo nas contas da Previdência é culpa dos servidores, como se eles não contribuíssem mensalmente com parte dos seus salários.
Os servidores públicos não são especiais. Não queremos ser colocados em pedestais. Pedimos apenas que a população dê o devido valor ao trabalho que a maioria faz com correção e comprometimento.
Somos Servidores Públicos! O Brasil precisa dos servidores públicos. Nós estamos aqui para trabalhar pelo bem do nosso país. E o fazemos com muito orgulho.
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