O mês de setembro é caracterizado pela campanha do Setembro Verde, mês de incentivo à doação de órgãos. A data de 27 de setembro é lembrada como o Dia Nacional da Doação de Órgãos
Todos os anos, a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do Hospital de Saracuruna Adão Pereira Nunes (HEPN) realiza eventos de conscientização e homenagens às famílias doadoras de órgãos da unidade. Em função das restrições impostas pela pandemia da Covid-19, algumas ações presenciais foram canceladas.
Para não deixar a data passar sem ser lembrada, uma vez que o HEAPN tem enorme relevância no cenário estadual e nacional de captação de órgãos, a direção da unidade instalou iluminação na cor verde (em alusão ao Setembro Verde) para a fachada do hospital, como forma de alertar a população quanto a importância do gesto e incentivo à doação de órgãos. Hoje, o Hospital Adão Pereira Nunes está em primeiro lugar no estado do Rio de Janeiro e em segundo lugar no ranking nacional em doação de órgãos, ficando atrás, a nível nacional, por apenas 2% do primeiro colocado.
Os números de captação de órgãos registrados no Hospital de Saracuruna – Adão Pereira Nunes, impressionam. O coordenador da CIHDOTT da unidade, Enfermeiro Gilberto Malvar, destaca que os resultados alcançados são fruto do trabalho de uma equipe capacitada e especializada.
“Eu costumo dizer que o diferencial da equipe CIHDOTT do Hospital de Saracuruna é o acolhimento que fazemos com essas famílias. Quando um paciente grave chega aqui na unidade, buscamos logo a família para explicar o que é morte encefálica e quais as etapas para se chegar a esse diagnóstico. Outro ponto importante é a empatia, de se colocar no lugar da família que está perdendo seu ente querido. É criar um vínculo e trabalhar o lado emocional destes familiares, já que cabe a eles a decisão e autorização para a doação. Quando essa equipe é formada por pessoas capacitadas, com acolhimento precoce, esse resultado se torna muito mais eficaz”, destaca o coordenador da CIHDOTT do Hospital de Saracuruna.
Regulamentada pela Portaria nº 905/GM/MS, em 16 de agosto de 2000, a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante – CIHDOTT é composta de uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, e é obrigatória em hospitais públicos, privados e filantrópicos com mais de 80 leitos.
A Comissão é um braço da Central Estadual de Transplante do estado, que tem a sua base na unidade e é responsável por todos os casos de morte encefálica que podem possibilitar a doação de órgãos. Para que a doação aconteça, o paciente tem que estar em morte encefálica – quando o cérebro morre e os órgãos continuam funcionando. A partir de um único doador até nove vidas podem ser salvas e ainda melhorar a qualidade de vida de até 50 pessoas, com a doação de tecidos.
É importante também desmentir alguns mitos que atrapalham o trabalho das equipes nas unidades. Uma delas está relacionada ao medo dos familiares de que a retirada dos órgãos poderá desconfigurar o corpo do doador. O coordenador Gilberto Malvar esclarece que a retirada é um procedimento cirúrgico normal e que após a retirada dos órgãos com qualidade de transplante, o local é costurado com pontos, como se faz nesses procedimentos.
No caso da córnea, que é uma retirada de área mais exposta do corpo, uma prótese de acrílico é colocada, preenchendo a cavidade. A lei determina que o corpo deve ser entregue à família íntegro, para que possa ter um sepultamento com dignidade.
Campanha nacional incentiva a doação de órgãos
Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil registrou uma queda de 37% no número de transplantes realizados entre janeiro e julho de 2020 em comparação ao mesmo período de 2019. O Ministério da Saúde associou a queda à pandemia de Covid-19. De janeiro a julho de 2019, foram realizados 15.827 transplantes no país; neste ano, no mesmo período, foram 9.952 procedimentos. Até 31 de julho, havia 46.181 pacientes aguardando um órgão no país. A fila é centralizada por meio do SUS (Sistema Único de Saúde).
Para ser um doador, é preciso conversar com a família sobre esse desejo e deixar claro que os familiares devem autorizar a doação de órgãos. Pela legislação brasileira, não há como garantir efetivamente a vontade do doador, mas, segundo o Ministério da Saúde, na maioria dos casos, quando a família tem conhecimento do desejo de doar do parente falecido, esse desejo é respeitado. A doação de órgãos é gratuita e não tem compensação financeira.
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