Por: Dra. Paola Alexandria Magalhães / PhD em Ciências Programa Pós-graduação Enfermagem em Saúde Pública – USP
Muitas gestantes andam preocupadas sobre ao que se refere à questão do coronavírus e sua gestação. Será que a doença pode ser passada para o bebê durante a gestação? Será que a gestante pode ter problemas graves?
O coronavírus é de uma família de vírus que causam infecções respiratórias. Provoca a doença chamada de coronavírus (COVID-19), hoje instituída como SARS-CoV2.
Os parâmetros clínicos considerados, foram febre, sintomas e sinais de afecção infecciosa pulmonar, tosse, dispneia (falta de ar) de intensidade progressiva, dor torácica, além de alterações radiológicas pulmonares típicas deste acometimento (raios-X simples e tomografia).
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, no que se refere à questão da gestação, é necessário levar em consideração que esta é uma doença de aparecimento recente e as informações em relação à gestação e COVID-19 ainda são limitadas. As informações e os protocolos serão elaborados a medida que forem identificadas as consequências da pandemia, pois ainda não há conhecimento específico sobre o assunto.
No entanto, deve-se considerar que o COVID-19 pode provocar Síndrome Respiratória Aguda Grave e que as gestantes devem ser consideradas um grupo de risco, visto que mulheres grávidas correm maior risco de infecção e doenças graves devido a alterações fisiológicas e imunológicas em seus corpos, seja pelas alterações metabólicas ou hormonais, ou pela restrição mecânica do aparelho respiratório, por conta do crescimento da barriga, o que coloca as gestantes em um grupo em que adquire formas mais graves de doenças respiratórias quando infectadas.
De acordo com Centers for Disease Control and Prevention (CDC), estudos recentemente desenvolvidos, realçam a importância dos cuidados para evitar a dispersão do vírus, assim, as orientações possíveis fundamentam-se no controle da dispersão do SARS-CoV-2. Segundo a Organização Mundial da Saúde, até o momento, o cuidado pré-natal e obstétrico projetado para a eventualidade de possíveis casos da COVID-19 deve ser baseado no conhecimento referente ao H1N1, claro, considerando suas diferenças.
Em um estudo desenvolvido em Wuhan-China, publicado recentemente na revista Lancet, foram avaliadas nove mulheres gestantes. O estudo trata sobre a evolução materna e perinatal de pacientes infectadas pelo SARS-CoV-2, e foi notado neste estudo que as manifestações clínicas nas gestantes não foram graves e o prognóstico foi considerado bom. A idade variou de 27 a 40 anos e a idade gestacional variou de 36 a 38 semanas. No entanto foram observados sintomas como febre e pneumonia, e também algumas complicações gestacionais como pré-eclâmpsia e alteração da função hepática (vale ressaltar que as gestantes estudadas não tinham comorbidades).
Apesar disso, não houve nenhuma morte fetal, morte neonatal ou asfixia neonatal, e quatro pacientes tiveram trabalho de parto prematuro (antes do tempo previsto de gestação de 38 e 42 semanas de idade gestacional, segundo a OMS). Não foi detectado nenhum caso de transmissão vertical do vírus, ou seja, da mãe passar para o feto.
Ao contrário do que se esperava, baseado nos achados da infecção pelo H1N1, a COVID-19 em gestantes tem letalidade semelhante ao do adulto jovem, ou seja, gestantes podem se contaminar e ter quadros graves na mesma proporção da população jovem. O grupo de maior risco de morbimortalidade para o coronavírus continua sendo o grupo dos pacientes idosos e/ ou com comorbidades. Contudo, apesar das gestantes não configurarem no grupo de maior risco, elas devem redobrar os cuidados para evitar contaminação, pois seu adoecimento grave, como em qualquer doença sistêmica importante, pode comprometer a saúde fetal, incluindo os riscos associados ao parto pré-termo.
As recomendações do Ministério da Saúde são que as consultas de pré-natal devem ser mantidas durante o período da epidemia, pois, trata-se de atendimento específico e que visa manter a saúde materno-fetal. A periodicidade das consultas e exames complementares devem ser suficientes para garantir o cuidado adequado de cada gestante, evitando excesso de visitas a locais com ambientes fechados e/ou com aglomeração de pessoas, que aumentam seu risco de contato com indivíduo acometido pelo COVID-19.
De acordo com a OMS, para o atendimento pré-natal de gestantes sem risco epidemiológico ou clínico para a infecção COVID-19 os cuidados serão aqueles usuais com a higienização das mãos. No entanto, para o atendimento de gestante classificada como “caso suspeito” ela deverá utilizar máscara de proteção e o profissional deverá utilizar luvas, óculos e avental. O Ministério da Saúde traz que mulheres grávidas com suspeita ou confirmação de infecção pelo COVID-19 devem ser tratadas com terapias de suporte, de acordo com o grau de comprometimento sistêmico.
As recomendações gerais são: lavar as mãos regularmente; cobrir a boca ao tossir e espirrar; ficar em casa se estiverem doentes; evitar contato com pessoas doentes; e evitar tocar o rosto. Tais cuidados são essenciais para que as gestantes se protejam e protejam seus bebês durante a situação de pandemia por COVID-19.
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