Dia 2 de abril é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. A data foi criada pela ONU em 2007, para divulgar mais o tema e dessa forma diminuir o preconceito que acerca as pessoas com a síndrome neuropsiquiátrica.
O Transtorno de Espectro Autista – TEA, ou autismo, é uma síndrome de ordem mental caracterizada por dificuldades na comunicação, em interesses e comportamentos específicos.
A fonoaudióloga Danielle Damasceno que atende crianças autistas no espaço Aprendendo a Brincar na Mesma Roda, no Rio, explica que uma gama de características deve ser levada em consideração para o diagnóstico.
“Ao mesmo tempo em que ir ao shopping pode ser uma agressão’ visual e auditiva para uma criança com o transtorno, para outra pode ser um máximo, já que esta interação pode auxiliar a aprendizagem de uma forma geral”, explica a Fonoaudióloga, especialista em desenvolver as habilidades cognitivas de crianças que possuem o espectro autista com dificuldades de fala, linguagem e aprendizagem.
Após o diagnóstico, os pacientes devem fazer uma série de tratamentos com uma equipe multidisciplinar composta por psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo, terapeuta ocupacional, psicomotricista, educador físico e, em algumas situações, pode até haver a necessidade de que a criança tome um medicamento prescrito pelo neurologista ou psiquiatra.
Segundo a Lei do Autismo, Lei nº 12.764, tanto os autistas, como pessoas com deficiência apresentam o direito a todas as políticas públicas de inclusão, como a educação em escolas regulares e em caso de necessidade, de acompanhamento especializado.
A origem do autismo ainda é desconhecida e segundo uma pesquisa americana, os fatores ligados ao ambiente externo estão relacionados a pelo menos 50% da responsabilidade pelo transtorno.
Crianças autistas e alfabetização:
Por apresentarem características peculiares da síndrome, as crianças autistas precisam de uma atenção especial nas escolas, mas nada que não possa ser feito através de boa vontade, estudo e inclusão.
Outro ponto ressaltado pela profissional está no fato de que o autismo não é uma disfunção num equipamento mecânico ou elétrico que possua um manual para repará-lo, sendo que uma das maiores dificuldades que a família da criança autista enfrenta é a inclusão na sociedade.
“As pessoas não sabem conviver com o diferente, a sociedade não está preparada para isso, o que precisa mudar”, lamenta a profissional, que também é autora do livro “O autismo entre nós” e é idealizadora dos projetos “Inclusão possível” (onde ensina mediação escolar aos profissionais dentro das escolas) e “Papai e mamãe que brincam” (curso para pais e cuidadores).
A comunicadora paulista, Carla Filippini, de 40 anos é professora especialista em crianças com Síndrome de Down e mãe do Rafael, diagnosticado com autismo.
“Aos 3 meses, percebi que o Rafael não interagia como meu outro filho. Só dormia. Pouco chorava e não respondia a estímulos. Começamos a acompanhar de perto e a avaliar algumas questões até o dia que uma das médicas da equipe do neurologista disse que ele tinha o espectrum.”, explica Cacá.
Hoje, Rafael é uma criança de 10 anos muito feliz e amada, que está no 4° ano do Ensino Fundamental e faz acompanhamento pedagógico. Carla explica que embora o fllho esteja matriculado em escola regular, ele tem um tempo próprio de aprendizado, que é respeitado pelos professores e terapeutas da escola.
“Tudo na vida dele é minucioso, e com a rotina e alfabetização não é diferente.Temos horário para tudo e todas as matérias ensinadas na escola, precisam ser revistas muitas e muitas vezes. Em casa, temos um painel, com as letras do alfabeto, e geralmente, montamos sua agenda juntos. Letra à letra, formando palavras e frases. O processo requer muita paciência e dedicação”, explica.
Carla lembra que muitas vezes escuta de outras pessoas que o filho está atrasado, mas que ela tem a consciência de que ele é um vencedor.
“Tudo será da forma dele, ao tempo dele. Sou muito grata por ter o Rafael em minha vida! E se tivesse a oportunidade de voltar no tempo e escolher algo diferente, eu não mudaria absolutamente nada”, afirma a mãe orgulhosa.
Colaboraram com esta matéria: a Comunicadora e Professora Carla Filippini e a Fonoaudióloga Danielle Damasceno – do Espaço Aprendendo a Brincar na Mesma Roda, no Rio.
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